Lei Maria da Penha: necessidade um novo giro paradigmático

Autores

  • Carmen Hein de Campos

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2017.v11.n1.778

Palavras-chave:

Lei Maria da Penha. Violência doméstica. Sistema de justiça. Prevenção.

Resumo

O ingresso da Lei Maria da Penha no cenário jurídico promoveu uma ruptura paradigmática tanto quanto à sua formulação quanto às mudanças legais introduzidas. Após dez anos de vigência, estudos apontam diversos obstáculos para a sua implementação, especialmente relacionados às medidas protetivas de urgência, conforme recentes pesquisas indicam. Observa-se que a lógica da centralidade da mulher vem sendo subvertida pela lógica do sistema de justiça penal tradicional. Pesquisa inédita sobre as condições socioeconômicas e a violência doméstica no Nordeste traz novos elementos para a análise sobre a violência doméstica contra mulheres nordestinas. A partir desses estudos, este artigo sustenta a necessidade de um novo giro paradigmático da lei que diminua a incidência do sistema de justiça e privilegie as políticas de prevenção e de assistência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carmen Hein de Campos

Professora do Programa de Pós-Graduação em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha - UVV-ES. Doutora em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Mestre em Direito pela Universidade de Toronto. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pelotas.

Referências

AZEVEDO, R. G.; RIBEIRO, L. M.; RATTON, J. L.; VASCONCELLOS, F. B.; BORBA, C. G. C.; COUTO, V. A.; SILVA, C. C. Aplicação das medidas protetivas para as mulheres em situação de violência nas cidades de Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE). In: PARESCHI, A. C. C.; ENGEL, C. L.; BAPTISTA, G. C. (Org.). Direitos humanos, grupos vulneráveis e segurança públi-ca. Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2016. (Coleção Pensando a Segurança Pública, v. 6). p. 267-302.

BARSTED, L. L. Lei Maria da Penha: uma experiência bem-sucedida de advocacy feminista. In CAMPOS, C. H. (Org.) Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p.13-37.

CALAZANS, Myllena. CORTES, Iáris. O processo de criação, aprovação e implementação da Lei Maria da Penha. In: CAMPOS, C. H. (Org.) Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p.39-63.

CAMPOS, C. H. Dez anos da Lei Maria da Penha: e agora Maria, para aonde? Revista dos Tribunais, v. 974, dez. 2016, p. 155-170.

CAMPOS, C. H. Razão e Sensibilidade: Teoria Feminista do Direito e Lei Maria da Penha. In: CAMPOS, C. H. (Org.) Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídicofeminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 1-12.

CAMPOS, C. H.; CARVALHO, S. Tensões atuais entre a criminologia feminista e a criminologia crítica: a experiência brasileira. In: CAMPOS, C. H. Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 143-169.

CAMPOS, C. H.; FIORESI, D. B.; BONORINO, E. B.; GIESTAS, D.; COSTA, J. M. H. Medidas protetivas de urgência: uma análise preliminar. In: BARBOSA, T. K. F. G. A mulher e a justiça: a violência doméstica sob a ótica dos direitos humanos. Brasília, DF: Amagis, 2016. p. 93-109.

CEPIA, 2013. Violência Contra a Mulher e Acesso à Justiça: Estudo comparativo sobre a aplicação da lei em cinco capitais. Rio de Janeiro: Cepia, 2013.

DATAFOLHA; CRISP; SENASP. Pesquisa Nacional de Vitimização. Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2013.

DINIZ, D.; GUMIERI, S. Implementação de medidas protetivas da Lei Maria da Penha no Distrito Federal entre 2006 e 2012. In: PARESCHI, A. C. C.; ENGEL, C. L.; BAPTISTA, G. C. (Org.). Direitos humanos, grupos vulneráveis e segurança pública. Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2016. (Coleção Pensando a Segurança Pública, v. 6). p. 205-231.

FANSLOW, J.; ROBINSON, E. Violence against women in New Zealand: prevalence and health consequences. The New Zealand Medical Journal, v. 117, n. 1206, 2016.

INSTITUTO AVON; DATA POPULAR. Percepções dos homens sobre violência doméstica. São Paulo: Instituto Avon, 2014.

INSTITUTO MARIA DA PENHA. Universidade Federal do Ceará. Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: prevalência da violência doméstica e impacto sobre as novas gerações.

PCSVDF.Sumário Executivo. Ceará: IMP/UFCE, 2016.

LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. Tradução de Suzana Funck. In HOLLANDA, Heloisa (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206-242.

LAVIGNE, Rosane M. Reis. Caso Fonaje: o ativismo de juízes integrantes do Fórum Nacional dos Juizados Especiais – Fonaje no processo de elaboração da Lei Maria da Penha. In: CAMPOS, C. H. (Org.) Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p.63-92.

LAVIGNE, R. R.; PERLINGEIRO, C. Das medidas protetivas de urgência – artigos 18 a 21. In: CAMPOS, C. H. Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 289-305.

LIMA, F. R. Da atuação do Ministério Público: artigos 25 e 26. In: CAMPOS, C. H. Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico feminista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 327-335.

OBSERVE. Identificando entraves na articulação dos serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar em cinco capitais. Relatório Final. Salvador, 2011.

PAIN, Rachel. Everyday Terrorism: How Fear Works in Domestic Abuse. Inglaterra: Durham University/Scottish Women’s Aid, 2012.

PASINATO, W. Estudo de Caso sobre o Juizado de Violência Doméstica e Familiar e a Rede de Serviços de Cuiabá, Mato Grosso. Relatório Final. São Paulo, 2009. 103 p.

PASINATO, W.; GARCIA, I. J.; VINUTO, J.; SOARES, J. E. Medidas protetivas para mulheres em situação de violência. In: PARESCHI, A. C. C.; ENGEL, C. L.; BAPTISTA, G. C. (Org.). Direitos humanos, grupos vulneráveis e segurança pública. Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2016. (Coleção Pensando a Segurança Pública, v. 6). p. 233-265.

SANTOS, Cecília MacDowell. Curto circuito, falta de linha ou na linha? Redes de enfrentamento à violência contra mulheres no estado de São Paulo. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 352, maio-ago. 2015.

SENADO FEDERAL (Brasil). Relatório Final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a Violência contra a Mulher. Brasília: Senado Federal, 2013.

TAVARES, M. S. Roda de conversa entre mulheres: denúncias sobre a Lei Maria da Penha e descrenças na justiça. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 547-559, maio-ago. 2015.

VENTURI, G.; GODINHO, T. (Org.). Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado. São Paulo: Perseu Abramo/SESC, 2010.

Downloads

Publicado

08-03-2017

Como Citar

HEIN DE CAMPOS, Carmen. Lei Maria da Penha: necessidade um novo giro paradigmático. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 10–22, 2017. DOI: 10.31060/rbsp.2017.v11.n1.778. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/778. Acesso em: 23 abr. 2024.