O fim foi em Goiás.

Rito como memória do mito entre militares.

Emanuel Souza

Professor de sociologia no CCHSL da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul)

País: Brasil Estado: Maranhão Cidade: Imperatriz/MA

Email: emanuel@uemasul.edu.br Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1862-8501

Resumo

O estudo parte de registros jornalísticos sobre a trajetória do “Novo Cangaço”, grupo criminoso liderado por indígenas pernambucanos da etnia Truká, e sobre seu confronto com a PMGO, para se deter na análise do modo como a PMGO rememora os episódios deste confronto em uma Charlie Mike (uma canção militar) durante atividade de um curso de formação de policiais. A Charlie Mike é aqui considerada como rito de memorização da mitologia militar onde as novas turmas são apresentadas a uma imagem idealizada dos valores militares.

Palavras-chave: Instituição militar. Formação militar. Mitologia militar. Canções militares.

The end was in Goiás.

Rite as a memory of the myth among the military.

Abstract

The study starts from journalistic records on the trajectory of the “Novo Cangaço”, a criminal group led by indigenous from Pernambuco of the Truká ethnicity, and their confrontation with PMGO, to analyze how PMGO recalls the episodes of this confrontation in a Charlie Mike (a military song) during activity of a police training course. Charlie Mike is considered here as a rite of memorization of military mythology where new classes are presented with an idealized image of military values.

Keywords: Military institution. Military training. Military mythology. Military songs.

Data de Recebimento: 22/05/2020 Data de Aprovação: 21/07/2021

DOI: 10.31060/rbsp.2022.v.16.n2.1318

Introdução

No Brasil, as forças de policiamento urbano assumem caráter militar, o que abre um persistente questionamento acadêmico e político sobre as implicações do modelo militarizado de polícia (MUNIZ, 2001).

Neste ambiente, as ciências sociais brasileiras acumularam precisas observações sobre os mecanismos institucionais que produzem os aspectos mais característicos do militarismo das polícias e o seu tensionamento na esfera pública.

As nossas polícias compartilham uma autoimagem criada nas forças armadas, especialmente no exército, onde sua função de forças da ordem corresponde ao posto de guardiãs da nação. Esta autoimagem ganha alcance cosmológico, ou seja, como embate de forças morais que se organizam em um campo positivo, o bem/ordem, e um campo negativo, o mal/desordem.

A proposta deste trabalho é analisar aspectos da formação e transmissão desta autoimagem durante a socialização dos policiais em seu ambiente de formação profissional com um recorte de estudo mais abrangente sobre conteúdos militares em redes sociais, notadamente Youtube.

A pesquisa em ambientes virtuais, como as redes sociais, se impõe na medida em que este universo representa uma grande arena para interações e formação de cadeias de relações as mais variadas (RAMOS, 2015).

Os militares também participam destes ambientes, seja para assuntos estritamente civis, seja para a difusão ou interação com conteúdos relacionados à experiência militar. Para esta segunda experiência é possível observar a proliferação de perfis dedicados à produção/difusão de conteúdos próprios, institucionais (CALDAS, 2017) ou não, um fenômeno que merece atenção dos pesquisadores, visto que alguns destes canais ganharam o status de verdadeiras celebridades no ambiente das redes sociais1.

Aqui fazemos uso de apenas um destes materiais, um vídeo produzido durante um curso de formação da Polícia Militar do Estado de Goiás, conforme detalharemos mais adiante.

O material é analisado como uma performance ritual com função educativa, ou seja, destinada a suscitar disposições valorizadas no grupo (DURKHEIM, 2011).

A performance estudada é uma Charlie Mike, uma canção militar. A análise privilegia o enredo da canção, pois nela é capturada de maneira explícita a idealização da autoimagem das polícias sendo produzida e reproduzida em um ambiente de formação de oficiais. O estudo consiste na análise e contextualização dos eventos rememorados na Charlie Mike.

Para estes objetivos estruturamos a apresentação com esta introdução, seguida de uma discussão do ambiente de socialização militar nas academias de polícia, com ênfase na PMGO, objeto deste estudo. Em seguida é discutido o que é uma Charlie Mike, para depois contextualizar a Charlie Mike sobre os irmãos Truká e posterior análise. Ao final são indicados alguns desdobramentos possíveis no estudo das Charlie Mike.

A socialização militar

Embora nosso objetivo seja diretamente relacionado ao caráter simbólico de certas práticas da instituição militar, gostaria de fazer um intercurso pelo estudo do Prof. Agnaldo Silva (SILVA, 2012) sobre a formação de policiais nos cursos da Academia Militar da PMGO. Este estudo nos interessa em especial porque aborda a instituição onde se promoveu o rito que vamos estudar mais adiante.

Em seu estudo sobre o processo de socialização de praças, os policiais “pontas de lança”, encarregados de atender diretamente as ocorrências, Silva (2012, p. 17) explorou as peculiaridades do processo de formação de praças na Academia Militar da PMGO, considerando que ali o relacionamento direto e constante entre oficiais e praças e aspirantes a praças permite a observação mais precisa dos processos de socialização engendrados pela instituição militar.

Sua investigação revela um empreendimento institucional de socialização articulado em torno de princípios de racionalização das condutas com vista à interiorização de dois valores estruturantes da vida militar: a hierarquia e a disciplina, ambas em uma ambiência de regras que oferecem uma legitimidade institucional pela via do estatuto burocrático, muito embora quando tais regras estatutárias escritas entram em choque com os referidos valores, eles se sobrepõem às regras (SILVA, 2012, p. 19), de maneira que torna-se de enorme valor explorar a socialização militar a partir da transmissão destes valores2.

A hierarquia militar se faz através de um ordenamento de grupos com a atribuição de patentes em dois grandes conjuntos (Praças e Oficiais), também eles hierarquizados em segmentos menores; são eles, em ordem ascendente: Praças: Soldado, Cabo, 3° Sargento, 2° Sargento e 1° Sargento; Oficiais: 2º Tenente, 1º Tenente, Capitão, Major, Tenente-Coronel e Coronel (SILVA, 2012, p. 16).

De acordo com isso, o processo de socialização dos indivíduos na polícia militar visa padrões de interação em que indivíduos e grupos estejam ordenados na condição de comandantes e comandados.

O princípio hierárquico, entretanto, é complementado pela disciplina, aspecto que corresponde a um indicador mais exato de incorporação ao universo militar, “um termômetro que registra o índice de internalização de valores e preceitos militares” (SILVA, 2012, p. 79).

Assim, “a visão que o policial tem de si mesmo é a de que ele participa de uma formação distinta da educação dada aos civis. O policial tende a enxergar a si mesmo como um ser capaz de um autocontrole inatingível pelos civis” (SILVA, 2012, p. 20-21).

Durante sua pesquisa na Academia Militar da PMGO, Silva (2012, p. 21) percebeu recorrentes referências ao “paisano folgado”, palavra usada para se referir aos civis que, neste contexto, ganha um sentido depreciativo, onde “folgado” aparece como mero reforço da condição de “paisano”, ou seja, civil.

Como produto de semelhante socialização,

policiais constroem estereótipos e modelos de comportamento para as pessoas da comunidade, baseando-se nos valores militares, os quais são intensamente enfatizados durante o curso de formação, tendendo a pautar a conduta dos policiais militares ao longo de suas carreiras. Neste sentido, esperam que os civis não se comportem como paisanos folgados, mas como pessoas disciplinadas e obedientes, como presumivelmente ocorre no quartel. Tais expectativas, geralmente, não correspondem às práticas e representações dos civis, gerando um desnível de comunicação e uma tensão nas relações entre polícia e comunidade resultando frequentemente em violência policial. (SILVA, 2012, p. 21).

Isso indica que a socialização militar envolve mais que a formação de competências profissionais, pois visa a totalidade do indivíduo, seu corpo, seus valores, ou como sintetizou um dos alunos do curso de formação de soldados entrevistados pelo Prof. Agnaldo Silva, “não importa se o policial está de farda ou não, ele é polícia 24 horas por dia” (SILVA, 2012, p. 79).

Esse sentimento do aluno da PMGO ecoa para além de sua instituição, pois serve como exemplo perfeito à definição de carreira militar dada pela Secretaria Geral do Exército, para quem:

A carreira militar não é uma atividade inespecífica e descartável, um simples emprego, uma ocupação, mas um ofício absorvente e exclusivista, que nos condiciona e autolimita até o fim. Ela não nos exige as horas de trabalho da lei, mas todas as horas da vida, nos impondo também nossos destinos. A farda não é uma veste, que se despe com facilidade e até com indiferença, mas uma outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre. (MIRANDA, 2018, p. 29).

Esse uso dos princípios da hierarquia e da disciplina para o ordenamento das relações entre indivíduos e grupos durante a socialização nos cursos de formação de soldados corresponde à ambição de reproduzir, no nível da experiência concreta, um ideal de ordem, modelo da vida militar, em oposição à vida civil.

Sendo, entretanto, preparado para trabalhar em meio a civis, “o policial militar cria uma expectativa de comportamento e respeito do civil mais ou menos idêntica à expectativa criada na relação entre oficiais e praças ou entre superiores e subordinados” (SILVA, 2012, p. 89).

Especificamente, “nas relações internas, entre superiores e subordinados, espera-se dos subordinados uma completa submissão a qual, não sendo atendida, é tratada como insulto ao superior hierárquico” (SILVA, 2012, p. 89).

Por óbvio, a própria existência da polícia e das forças militares em geral supõe um espaço social além dos quartéis, onde os valores militares não ocupam papel central, e que é o lugar onde ocorre o crime, visto como prática de indivíduos e grupos que são os antípodas morais da instituição militar.

Ou seja, os princípios da hierarquia e disciplina compreendem verdadeiros sustentáculos de uma cosmologia ordenada em polos de ordem/bem e desordem/mal (crime), na qual os militares se veem como garantidores do primeiro polo e os criminosos como agentes do segundo.

Os soldados em formação, entrevistados pelo Prof. Agnaldo Silva, revelaram, por exemplo, que a sociedade deveria seguir a mesma disciplina da polícia militar, pois somente assim seria possível pensar em erradicar a criminalidade. Mais ainda, que leis mais rígidas e penas mais severas, ao lado da ação da polícia militar, estariam concorrendo para a construção de uma sociedade mais justa, sem crimes e criminosos; boa e ordeira, em síntese, onde

todas as mínimas contravenções deveriam ser punidas, todos assim teriam respeito. Desde o camarada que cospe no chão, até o camarada que fuma maconha, até quem é mendigo, quem pede nas ruas, todas estas pequenas contravenções deveriam ser punidas (SILVA, 2012, p. 109).

Este é o caso das pequenas contravenções. Quanto ao criminoso, ele está para além do humano, de modo que “bandido tem que ser erradicado. Você entendeu? Caça um jeito aí. É cadeira elétrica, fuzilamento em praça pública. Eu sou a favor disso aí, cara” (SILVA, 2012, p. 107).

A ideia central que queremos sustentar é que os diversos, pequenos e difusos mecanismos que o Prof. Agnaldo Silva viu serem usados para inculcação e controle durante os cursos de formação militar, e que se estruturam através dos princípios da hierarquia e disciplina, se articulam em uma dimensão mais ampla onde se elabora uma verdadeira cosmologia, e que é esta quem, ao fim, dá sustentação à instituição militar.

Vimos isto nas falas dos alunos ouvidos pelo Prof. Agnaldo Silva e podemos encontrar também em pequenos atos do processo de socialização dentro da academia militar, como as chamadas “Charlie Mike”, que passamos a analisar.

Charlie Mike, canções militares

Charlie Mike são canções militares. A designação é corrente entre militares e surge da aplicação de um código internacional de comunicação militar, o Código Quebec, cujo uso, quanto a estes dois códigos, opera mediante o uso da palavra Charlie para substituir qualquer palavra iniciada com a letra C, e a palavra Mike substitui qualquer palavra iniciada com a letra M3.

O uso do código é contextual, servindo para indicar quaisquer palavras ou conjunto de palavras que iniciem com as letras/palavras. Assim que Charlie Mike será “Canção Militar” quando usado para referir às canções que acompanham os procedimentos de execução de marchas e outros exercícios físicos coletivos. Mas o termo pode ser usado para indicar qualquer combinação de duas palavras na qual a primeira inicia com a letra C (de Charlie) e a segunda com a letra M (de Mike).

As Charlie Mike se encaixam facilmente naquilo que Durkheim chamou de ritos positivos com caráter representativo e comemorativo. Tais ritos servem para preservar a fisionomia moral da coletividade, consistindo em rememoração do passado reverberando a memória mitológica do grupo (DURKEHIM, 2016, p. 46-47).

Celebração coletiva em forma de cânticos que acompanham e reforçam atividades físicas (GUILARDI; COSTA, 2018), as Charlie Mike são, portanto, ritos de comunicação da memória da mitologia militar e, nesta condição, elemento fundamental para a socialização militar.

Queremos ilustrar isto analisando uma Charlie Mike que foi levada ao site e aplicativo de compartilhamento de vídeos YouTube no dia 28 de abril de 2018 no canal “marovisk” com o título de “Charlie Mike - Novo Cangaço”. Vale ressaltar que este ambiente virtual funciona como espaço privilegiado para produção e reforço de subjetividades e nesta condição é uma arena à espera de maiores explorações dos cientistas sociais (RAMOS, 2015).

Esta Charlie Mike é particularmente apropriada para análise do rito como memória da mitologia militar porque foi registrada durante o 17º CO ROTAM da PMGO, Curso Operacional em Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas, que foi realizado entre abril e junho de 20184 e narra eventos havidos entre janeiro e maio de 2017, menos de um ano, portanto.

Isto parece ser revelador de como a instituição é rápida em selecionar certos feitos e transformá-los em Charlie Mike, ou seja, em elementos de idealização de sua autoimagem. É importante notar isto porque o que temos ali é uma transfiguração de eventos recentes, quase contemporâneos, em atos heroicos que se integram à mitologia militar reproduzida no contexto dos processos de socialização para a formação militar.

Antes de explorar esta Charlie Mike, vamos primeiro dar algum contexto aos eventos que a instituição militar selecionou para a produção desta canção militar.

A história dos trukás, saíram de Assunção para aterrorizar

No dia 04 de maio de 2017, Carlos Jardiel de Barros Dantas, um indígena da etnia Truká, de 41 anos, natural de Cabrobó/PE, também conhecido como Jardiel Cabeção, foi morto numa operação policial especial envolvendo as polícias de, pelo menos, quatro estados e mais a Polícia Federal5.

No dia 17 de maio de 2017, o irmão de Jardiel, Jean Carlos de Barros Dantas, também conhecido como Bereberê, foi morto na cidade mineira de Montes Claros em uma grande operação envolvendo várias unidades da PMMG6.

Carlos Jardiel, ou, Jardiel, simplesmente, era, na ocasião de sua morte, líder de uma quadrilha de assalto a bancos e carros de transporte de valores conhecida como “Novo Cangaço”7. Segundo o porta-voz da PMGO, Jardiel era o maior assaltante de bancos do país8. Com a morte de Jardiel, Jean assumiu a liderança da quadrilha.

Os irmãos Dantas tinham, portanto, uma longa atividade de crimes. Já chamavam a atenção da imprensa desde, pelo menos, o ano de 2003, quando Jardiel era notícia em matéria que relatava os impactos devastadores do Comando Vermelho no chamado Polígono da Maconha, em Pernambuco, provocando convulsão entre os 4 mil índios Trukás moradores da reserva – que se estende no arquipélago formado pela Ilha de Assunção e mais 72 ilhas menores localizadas no Rio São Francisco, no município de Cabrobó/PE.9

Naquela oportunidade, Jardiel liderava um grupo de índios que fazia o plantio de maconha dentro da reserva dos Trukás. Isso era reprovado e combatido por um grupo liderado pelo cacique Ailton dos Santos, o Issó. Entre os parceiros do cacique estavam os irmãos João Batista Gomes Rodrigues e Antônio Roberto Gomes Rodrigues, que haviam destruído algumas plantações controladas pelo grupo de Jardiel. A resposta veio com o assassinato dos irmãos Rodrigues.

Por esse crime, Jardiel havia recebido uma sentença de nove anos de prisão e estava sendo procurado pela Polícia Federal. No ano anterior, 2002, Jardiel já havia sido preso na cadeia de Cabrobó/PE, mas foi resgatado em ação ousada dos seus liderados.

Em 2003, Jardiel era então um jovem de 25 anos. O que nos interessa aqui, no entanto, é que o amadurecimento de Jardiel se fez no deslocamento em direção a outras atividades criminosas, especialmente, o ataque a bancos e elementos associados (caixas eletrônicos, carros de transportes de valores etc.), movimentando grandes somas de dinheiro, mas sempre com o mesmo padrão de ousadia e violência com que fugiu da prisão em Cabrobó em 2002 e aterrorizou a Ilha de Assunção em 2003.

Neste ponto podemos seguir até a noite do dia 22 de janeiro de 2017, quando o bando liderado por Jadiel, atacou a cidade baiana de Bom Jesus da Lapa e explodiu um banco por volta das 23h. Foram impedidos, no entanto, por três policiais que sustentaram um tiroteio contra o grupo.

Os policiais Gilberto Lemos Silva Júnior e Everton Oliveira de Santana, ambos de 26 anos, foram mortos no confronto10. Há notícia de que foram torturados antes de serem mortos11.

O Novo Cangaço tinha a atenção de várias polícias estaduais e da Polícia Federal. Após a ação em Bom Jesus da Lapa, uma operação integrada pela Polícia Federal e as polícias da Bahia, de Minas Gerais, de Goiás e do Mato Grosso conseguiu monitorar seus passos.

Foi assim que no dia 04 de maio de 2017, enquanto estava na cidade goiana de Aragarças negociando aluguel de casa e fazenda com vistas a um novo assalto e fuga, Jardiel percebeu que estava sendo seguido e tentou fugir, sendo, entretanto, atingido com tiros no rosto.

O Novo Cangaço, agora sob a liderança de Jean, irmão de Jardiel, continuava sob a mira das polícias. No dia 17 de maio de 2017, Jean também foi morto num confronto com a polícia mineira que invadiu seu esconderijo na cidade de Montes Claros/MG12.

Chora a Volante, mas chora de emoção

Havia, portanto, menos de um ano das mortes de Jardiel e Jean quando a Charlie Mike “Novo Cangaço” foi subida no Youtube, no dia 28 de abril de 2018. Talvez a comoção gerada pela morte dos policiais em Bom Jesus da Lapa justifique a pronta seleção destes eventos para serem comunicados em forma de Charlie Mike nos cursos de formação da PMGO.

A letra da Charlie Mike “Novo Cangaço”, que enumeramos conforme as frases entoadas para facilitar a análise, é esta:

1 - O fim foi em Goiás, o fim foi em Goiás

2 - Agora eu vou contar a história dos Trukás

3 - Saíram de Assunção pra aterrorizar

4 - E eles iriam um banco estourar

5 - Numa segunda-feira ao anoitecer

6 - Em Bom Jesus da Lapa resolveram aparecer

7 - Pensaram que era fácil, mas se enganaram

8 - Tombaram com a PM e seus 3 heróis fardados

9 - O Novo Cangaço tinha chegado ali

10 - Quinze contra três não pensaram em desistir

11 - Troca de tiros, desespero total

12 - E dois dos heróis tombaram contra o mal

13 - Mexeu com um de nós, mexeu com todo mundo

14 - Jardiel e Jean já sabiam o seu futuro

15 - Pra cumprir essa missão a Volante apareceu

16 - Sem dó nem piedade, a ordem que recebeu

17- Só de ouvir falar, o ladrão estremeceu

18 - A cidade de Aragarças o demônio conheceu

19 - Dois tiros na cara foi o resultado

20 - E embarcou pra morte com o caixão fechado

21 - E a Volante respirou aliviada

22 - Mas falta Jean, continuem a caçada

23 - Foi em Goiás, foi em Goiás

24 - Essa é a história dos irmãos Trukás

25 - A Volante o Jean encontrou

26 - E em terras mineiras forte trovejou

27 - Jean, vagabundo, ali mesmo tombou

28 - E com o seu irmão no inferno se encontrou

29 - Você, ladrão de banco, agora entendeu

30 - A Volante sempre vai vingar os seus

31 - E nossa missão é caçar vocês

32 - Aqui em Goiás, ladrão não tem vez

33 - Chora Volante, mas chora de emoção

34 - Por Bom Jesus da Lapa cumpriram a missão

Como foi dito, trata-se de um rito com a função de comunicar um mito. O mito em questão é a transfiguração heroica da narrativa dos eventos entre o assalto frustrado na cidade baiana de Bom Jesus da Lapa e a morte de Jean em Montes Claros/MG. Aqui, como nos fenômenos estudados por Durkheim, temos um rito que visa “redespertar certas ideias e certos sentimentos, ligar o presente ao passado, o indivíduo à coletividade” (DURKHEIM, 2016, p. 52); isto porque “o rito não é senão o meio pelo qual um grupo social se reafirma periodicamente” (DURKHEIM, 2016, p. 59).

Ainda que os aspectos estritamente corporais como a marcha, a entonação, a intensidade e outros recursos físicos e sonoros presentes na ocasião em que os policiais entoaram esta Charlie Mike sejam aspectos necessários para a compreensão integral do efeito provocado nos participantes (GUILARDI; COSTA, 2018), aqui vamos nos deter exclusivamente na letra, considerando que ela, enquanto componente do rito, opera um duplo mecanismo, a saber, registra e transmite os feitos do grupo militar, mas ao fazê-lo opera uma transfiguração idealizada, o que é essencial para a produção da celebração da memória do grupo.

Notemos já nos primeiros versos (de 1 a 3) que a narrativa encenada estabelece alguns elementos essenciais. Primeiro, que aquilo que os policiais cantam são os méritos de combate e valentia da PMGO, e, em segundo, que se trata de exemplos prodigiosos, como se vê mais adiante, em que ficam mais bem caracterizados no contraste com seu antagonista, os Trukás, que “saíram de Assunção pra aterrorizar”. Ou seja, a Volante, a unidade móvel da ROTAM/PMGO, tem seus méritos realçados quando considerados frente a seu inverso moral; trata-se, respectivamente, das realizações institucionais enquanto PM e enquanto quadrilha, dois polos de ordem e desordem que compõem a totalidade cósmica da qual os militares se veem como guardiões.

Assim que, na canção, os eventos em Bom Jesus da Lapa são relembrados (5 em diante) e, mediante os pares ordem/PM desordem/quadrilha estruturam a narrativa. Entretanto, nesse primeiro encontro entre os representantes das forças transcendentais, os agentes da desordem levam vantagem, embora ambivalente, pois seu objetivo, o assalto, foi frustrado.

Todavia, eles abatem os policiais que lhes resistiram (12). Essas mortes nos permitem indicar com segurança que se trata de um saldo de vantagem para as forças da desordem, pois elas provocam efeitos duradouros no polo oposto, pela natureza do significado da perda de uma vida, mas também pelo que isso representa de subversão do princípio da hierarquia.

A queda desses policiais, no entanto, é posta em termos honrosos, pois, sim, “tombaram contra o mal” (12), mas como heróis, e, mais precisamente, heróis fardados (8) que não se renderam (10), mesmo em flagrante desvantagem, que ali é descrita apenas em sua dimensão numérica (10), mas podemos supor que era também de ordem qualitativa, com vantagem para o armamento da quadrilha.

A morte dos policiais na Bahia é então apresentada como um ato contra a PMGO, ou, para sermos mais exato, contra todos os militares (13) – posto que contra a ordem, de modo que as consequências de um ataque desta natureza contra policiais já estão dadas (14), e resultam na eliminação dos ofensores.

Apenas para destacar que esta narrativa corresponde a uma transfiguração heroica dos eventos que levaram às mortes de Jardiel e Jean. Podemos lembrar que aqueles não foram os únicos policiais mortos pela quadrilha13, ou seja, a Charlie Mike conecta as mortes de Jardiel e Jean e os eventos de Bom Jesus da Lapa, pois esta é uma narrativa compatível com a autopercepção do grupo militar. Para que isso ocorra com máxima eficácia simbólica, as mortes dos policiais assassinados anteriormente pelo grupo de Jardiel precisam ser ignoradas.

Ainda que a sorte de Jardiel e Jean seja dada como decidida desde os eventos em Bom Jesus da Lapa, vale notar que “a Volante” (da ROTAM/PMGO) só “apareceu” porque foi cumprir uma missão (15), ou seja, uma ordem (16) dada por um comando superior, isto é, obedecendo à hierarquia da instituição.

A ordem foi cumprida, sem dó nem piedade (16), de modo muito semelhante ao que o já citado aluno ouvido pelo Prof. Agnaldo espera: “bandido tem que ser erradicado” (SILVA, 2012, p. 107).

Já dissemos que esta Charlie Mike deve ser considerada como uma retomada idealizada de alguns eventos. Assim que, se ali fica sugerido que a PMGO deu cabo de Jardiel, há registros que atribuem os disparos no rosto, “dois tiros na cara” (19), à Polícia Civil de Goiás14, e a morte de Jean foi obra da PMMG, não da PMGO (25)15.

Embora a ação descrita seja apresentada no contexto institucional, onde se age após e em função de uma ordem (16) que estipula uma missão a cumprir (15), isso é posto num plano onde são ressaltados aspectos afetivos, com acento de certos sentimentos mais primordiais.

Talvez um indicador valioso do caráter emocional que, no plano da narrativa, impulsiona a ação, seja o insulto a Jean (27). Podemos especular que o insulto tenha uma dupla função aqui. Em primeiro plano, estabelecer uma caracterização depreciativa do indivíduo, neste caso, em harmonia com outras características e intenções nefastas imputadas ao grupo antagonista (3). Além disso, esta característica negativa leva à outra, pois Jardiel sentiu medo ao se colocar no caminho da Volante, da ROTAM/PMGO, pois esta força policial, que usa como emblema um raio que traspassa o nome ROTAM, quase numa relação totêmica, troveja (26), fazendo os adversários estremecerem (17).

Todavia, o caráter emocional é mais claramente indicado quando a vingança é posta explicitamente (30). Aqui cabe mesmo separar os planos implicados. Se, de modo genérico, os militares se veem como agentes mantenedores de uma ordem cósmica contra agentes da desordem (31), a vingança os põe em uma relação de outra ordem, trata-se de a Volante vingar um dos seus, não o conjunto da ordem ameaçado pela desordem, mas uma ação de caráter mais particular, grupal, fraternal.

Talvez seja esse caráter pessoal implicado na narrativa que explique a aceitação e exibição da abdicação da disciplina, notada no choro da Volante, choro de emoção (33), que ainda assim se apoia na natureza hierárquica da instituição, afinal, choram porque cumpriram a missão (34), pois, como dito por certo famoso personagem militar do cinema nacional, missão dada é missão cumprida.

Considerações finais

Nesta última seção vamos apresentar breves considerações sobre aspectos que merecem ser destacados tendo em vista o potencial que apresentam para possíveis desdobramentos em novas explorações analíticas sobre o nosso objeto.

Aqui nosso esforço foi demonstrar que uma Charlie Mike permite pensar a função do rito como memória do mito. Na função de rito, entretanto, está presente o fenômeno do sagrado, que é um fenômeno que se estende para bem além do religioso, pois consiste no núcleo de ideias mais essenciais para a identidade de um grupo (WEISS, 2013).

No que vimos, há um processo de excitação coletiva dirigida por aspectos narrativos e corporais que conduzem os envolvidos para uma visão comum sobre o que é heroísmo e vilania, correção e desvio, em síntese, ordem e desordem como espelhos da polícia e do crime, respectivamente.

A excitação produzida pelo rito é parte fundamental da produção desses sentimentos e dessas ideias amplas e fundamentais sobre o mundo e sobre (e para) aquele grupo. Isto quer dizer que aqui temos um exemplo muito instrutivo e explícito, com uma demanda analítica urgente para a sociedade brasileira neste início de século XXI, de momentos de produção e disseminação dos ideais que delineiam o campo do sagrado para a instituição policial.

De uma perspectiva complementar, quero observar que a narrativa dada na Charlie Mike “Novo Cangaço” fala sobre um tipo de relação que se inscreve em outro plano, pois, se de um lado temos um plano mais geral em que se chocam forças mais amplas de ordem e desordem, num plano mais restrito trata-se de um ato de vingança. Ambos os planos são analiticamente integrados mediante uma teoria da reciprocidade.

Do legado das intuições fundamentais de Marcel Mauss (2003) sobre as trocas de presentes na composição do fenômeno social, elabora-se um conjunto de explorações sobre o alcance do modelo das trocas obrigatórias e de como elas vinculam indivíduos e grupos.

O estudo de Ansparch (2012) aponta, entretanto, que, antes das trocas de presentes, os grupos humanos trocaram agressões, num ciclo de altercações recíprocas que chama de reciprocidade negativa, em oposição ao ciclo apontado por Mauss, a troca de presentes ou reciprocidade positiva.

O que há de específico em cada ciclo de reciprocidade, positiva ou negativa, é a orientação temporal. A reciprocidade negativa é alimentada por uma referência ao passado, onde o indivíduo ou grupo é motivado a agredir outro porque, no passado, foi alvo de um ataque que exige retribuição ou retaliação; vingança, enfim. Já a reciprocidade positiva se orienta para o futuro, um presente é ofertado para que seja retribuído.

O que ambas têm em comum, no entanto, é que correspondem a modelos que descrevem redes amplas de circulação, ora de golpes ora de presentes. Ou seja, a troca é um mecanismo de encadeamento ampliado de indivíduos mediante a circulação de bens cujos fluxos servem como modelo para a elaboração de totalidades transcendentes aos atos pontuais, concretos, praticados nas redes de trocas.

Assim que, no caso de nosso estudo, a imagem de ordenamento cósmico polarizado em termos de ordem/desordem elaborado na instituição militar, onde ela aparece como guardiã da ordem, é uma expressão transcendente do fenômeno muito concreto da rede de trocas positivas, ordeiras, que representa em si mesma um bem valioso e cujo fluxo positivo de circulação de bens e serviços (e quem pode esquecer que a polícia, enfim, é uma fornecedora de serviços entre outros?) serve como base para a elaboração do enquadramento moral abrangente, onde ordem e desordem se apresentam como opostos, mas de uma oposição com proximidade, visto que a ordem, como estamos propondo, é manutenção da reciprocidade positiva, sempre ameaçada de rompimento, sempre assediada pela desordem.

Vale notar que outro aspecto intrínseco à instituição militar já apontado pela literatura brasileira especializada é a presença de um ethos guerreiro que correspondente a certo modelo mais abrangente de masculinidade.

Este conceito nasce na obra de Norbert Elias, no contexto da explicitação da acomodação burguesa de valores aristocráticos condensados no privilégio da prática de requerer e dar satisfações na forma do duelo (ELIAS, 1997).

No Brasil, a ideia é mobilizada para explorar tanto a relação entre um modelo de masculinidade agressiva e os padrões elevados de violência sistêmica (ZALUAR, 1998) quanto a violência policial em particular (ALBUQUERQUE; MACHADO, 2001).

Os depoimentos dos alunos da PM baiana colhidos por Albuquerque e Machado (2001) apresentam indícios de percepção crítica aos ritos de militarização onde se celebra esse ethos guerreiro nas polícias. Estudando uma instrução na formação da PMBA, os autores oferecem ao leitor, por exemplo, a pergunta e o lamento de um aluno: “é na base da porrada que nasce o homem?” (ALBUQUERQUE; MACHADO, 2001, p. 15)16.

Ainda que minoritários e impotentes, relatos como esse revelam que existem demandas internas para a reformulação das polícias militares no Brasil com vistas a uma formação voltada para um modelo de instituição especializada no policiamento urbano profissionalizado e em sintonia com o ideal de uma sociedade democrática, afastada, por exemplo, do vínculo com o tema da segurança nacional, que se incrustou na formação das polícias brasileiras como forças militarizadas em razão da sua estruturação como forças auxiliares das forças armadas (MUNIZ, 2001).

Esses temas podem ser vistos no horizonte de desdobramento do presente estudo. Pois, embora tenhamos aqui uma abordagem tópica sobre a Charlie Mike “Novo Cangaço” como um rito de memorização do mito, percebemos aspectos das técnicas de integração mobilizados pela instituição militar que podem ser articuladas com este conjunto acumulado de observações sobre as polícias brasileiras para auxiliar na compreensão do papel central que aparentemente está reservado a estas instituições no desenrolar de lances dramáticos na intersecção entre ocorrências locais e os grandes movimentos políticos que determinarão a condução do Estado brasileiro17.

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  1. No início de 2021, merece destaque o perfil do Delegado da Cunha, com mais de três milhões de seguidores apenas no YouTube.↩︎

  2. Para as Forças Armadas, tais princípios também têm caráter administrativo de natureza constitucional, na medida que estão na base da organização, nos termos do art 142 da Constituição Federal.↩︎

  3. O Código Quebec é mais extenso e inclui também uma série de combinações de três letras correspondentes a comandos específicos (QTA, QTX etc.).↩︎

  4. A cerimônia de formatura do 17° CO ROTAM da PMGO aconteceu em 20 de julho de 2018, como visto disponível em: https://www.seguranca.go.gov.br/noticias-da-ssp/17o-curso-operacional-de-rotam-forma-policiais-militares-de-goias-e-outros-dez-estados.html Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  5. Disponível em: https://g1.globo.com/goias/noticia/suspeito-de-liderar-assalto-a-banco-que-resultou-na-morte-de-dois-pms-na-ba-morre-em-aragarcas-go.ghtml. Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  6. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/12/17/interna_gerais,925222/quadrilha-presa-no-norte-de-minas-tinha-historico-de-morte-de-policiai.shtml. Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  7. Notamos que, embora os jornais possam fazer vários registros desta identificação dada por várias polícias estaduais ao grupo de Jardiel, Sodré (2018) trata “Novo Cangaço” como uma denominação genérica para este tipo de atividade criminosa ou os seus autores.↩︎

  8. Conforme depoimento do Tenente-Coronel Ricardo Mendes, assessor de imprensa da PMGO registrado na notícia indicada na nota 5.↩︎

  9. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2004200317.htm. Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  10. Disponível em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2017/01/pms-executados-durante-tentativa-de-assalto-banco-sao-enterrados-na-ba.html..Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  11. Conforme relato do Major Flávio Santiago, da assessoria de imprensa da PMMG, disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/12/17/interna_gerais,925222/quadrilha-presa-no-norte-de-minas-tinha-historico-de-morte-de-policiai.shtmll. Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  12. Ver matéria indicada na nota anterior.↩︎

  13. Conforme notícia indicada na nota 12.↩︎

  14. Disponível em: https://www.opopular.com.br/noticias/cidades/suspeito-de-chefiar-um-dos-maiores-grupos-de-roubo-a-bancos-%C3%A9-morto-em-a%C3%A7%C3%A3o-policial-em-aragar%C3%A7as-1.1269369. Acesso em: 4 jul. 2019.↩︎

  15. Conforme matéria indicada na nota 13.↩︎

  16. Importante notar que estes aspectos também estão presentes na formação do corpo de bombeiros (FRANÇA; RIBEIRO, 2019).↩︎

  17. Enquanto este trabalho era encerrado, a PMGO havia realizado uma caçada de semanas que culminou na morte de Lázaro Barbosa e contou com uma cobertura diária da imprensa nacional. Os modos de apropriação e repercussão destes eventos é um indicador de como a ação das polícias se articula com grandes temas políticos. Por exemplo, em: https://g1.globo.com/tudo-sobre/lazaro-barbosa/. Acesso em: 10 jan. 2021.↩︎