Bacharel em administração pela Universidade Federal de Viçosa. Mestrado e doutorando em administração pela Universidade Federal de Uberlândia. Policial militar.
Psicóloga da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Mestranda em Gestão Organizacional pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Doutora em Economia e professora Associada da Faculdade de Gestão e Negócio/UFU.
Doutora em Administração pela EAESP/FGV. Professora Associada da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia. Bolsista Produtividade CNPQ.
Daniel Victor de Sousa Ferreira: desenho de pesquisa, coleta de dados, análise dos dados, redação e revisão final. Lucila Batista Oliveira: coleta de dados, análise dos dados, redação e revisão. Luciana Carvalho: orientação da pesquisa. Cíntia Rodrigues de Oliveira: orientação da pesquisa, redação e revisão final do texto.
O isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19, em março de 2020, desafiou diferentes setores de atividade, incluindo a segurança pública, que buscou alternativas para fomentar a relação Estado-Sociedade suportadas pelo Governo Eletrônico, especificamente, as práticas de policiamento comunitário, que pressupõem a proximidade com a comunidade. Este artigo tem como objetivo analisar a atuação das polícias militares brasileiras na rede social Instagram, durante a pandemia da COVID-19. Para tanto, realizou-se uma pesquisa documental online nos perfis oficiais das 27 polícias militares brasileiras. A Análise de Conteúdo das postagens resultou em imagens do policial, da sociedade e de suas interações em duas categorias finais: o braço forte e a mão amiga. As polícias militares não exploram todo o potencial das redes sociais online como instrumento para o policiamento comunitário, na valorização da e-participação e da e-democracia.
The social isolation imposed by the Covid-19 pandemic in March 2020 challenged different sectors of activity, including public security, which sought alternatives to foster the State-society relationship supported by the Electronic Government, specifically, community policing practices, which presuppose proximity to the community. This article aims to analyze the performance of Brazilian military police on the Instagram social network, during the Covid-19 pandemic. Therefore, an online documentary research was carried out on the official profiles of the 27 Brazilian military police forces. Content Analysis of the posts resulted in images of the police, society and their interactions in two final categories: the strong arm and the helping hand. The military police do not exploit the full potential of online social networks as tools for community e-policing, in the valorization of e-participation and e-democracy.
A pandemia da COVID-19 trouxe regimes de isolamento social à população mundial. Embora importante no combate à pandemia, esse regime desafiou as diversas organizações, dentre as quais, aquelas do serviço público de segurança, especificamente as polícias militares, no que diz respeito ao público a quem destinam seus esforços preventivos. O desafio foi além do atendimento das emergências policiais, consideradas obrigatórias, alcançando, principalmente, o policiamento preventivo, cuja principal atividade está no contato direto – uma iniciativa não urgente, nem diretamente obrigatória – do policial com o cidadão, sob a perspectiva da denominada Polícia Comunitária.
O modelo de Polícia Comunitária tem avançado no Brasil desde os
anos 1990 (FERRAGI, 2011; FRÜHLING, 2006). Entretanto, com o
isolamento social decorrente da pandemia da COVID-19, várias
atividades de policiamento comunitário foram restringidas, como a
interrupção de palestras, as reuniões de vizinhos, o acompanhamento de
problemas em famílias, as escolas, praças, ruas e os aglomerados
urbanos diversos, dentre tantas outras atividades policiais
preventivas que dependem do contato direto do policial com as
comunidades atendidas (LOTTA
Nesse período, emergiram, por todo o país, iniciativas que
valorizam o relacionamento desses policiais com as comunidades na
modalidade remota, com o auxílio da internet (AZEVEDO, 2021; LOTTA
No Brasil, a política de governo eletrônico foi criada no ano de 2000, com a publicação do Decreto Presidencial de 3 de abril, com a criação de um grupo de trabalho interministerial para examinar e propor políticas, diretrizes e normas relacionadas às novas formas eletrônicas de interação, com três frentes de atuação: junto ao cidadão; na melhoria da gestão interna; e na integração com parceiros e fornecedores (BRASIL, 2019a). A partir do progresso das iniciativas do governo federal é que os estados e municípios institucionalizaram seus projetos de governo eletrônico (MEDEIROS; GUIMARÃES, 2005).
Face ao regime de distanciamento físico decorrente da pandemia, o Governo Eletrônico é uma possibilidade para fomentar a interação da polícia com a comunidade, respeitando os protocolos de segurança sanitária na promoção de uma segurança pública cidadã e participativa.
Considerando que, durante a crise sanitária da COVID-19, a relação
governo-sociedade tem sido intensificada nas plataformas
A pesquisa é relevante por apontar a utilização das redes sociais online no policiamento comunitário, em tempos de pandemia, o que amplia a compreensão das práticas policiais militares realizadas durante o contexto de isolamento social, no combate à pandemia da COVID-19. O termo e-police (e-policiamento) refere-se a um sistema baseado na internet que fornece suporte total para o trabalho da polícia (FARSOLE; KENE; BHUJADE, 2014). Este artigo também busca contribuir ao indicar uma possível emergência de um e-policiamento comunitário, na direção do Governo Eletrônico, apontando que as redes sociais online podem ser mecanismos para o diálogo e a participação democrática.
Após esta introdução, apresenta-se a revisão da literatura. Na sequência, apresentam-se os percursos metodológicos adotados, seguidos dos resultados da pesquisa e das considerações finais.
Desde o advento da internet e dos avanços da tecnologia da informação e comunicação, o ambiente dos negócios focou na adaptação das tecnologias baseadas na web para as relações com clientes, fornecedores e parceiros, e mais recentemente setores públicos passaram a prestar parte dos serviços e das informações aos cidadãos (DAVISON; WAGNER; MA, 2005). Esse movimento no fornecimento de serviços governamentais levou ao modelo de governo eletrônico ou e-gov (CERQUINHO; TAVARES; PAULA, 2014; CRISTÓVAM; SAIKALI; SOUSA, 2020), que se apoia nas premissas de transparência, eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos (HALDENWANG, 2004).
O significado de governo eletrônico não tem um consenso na literatura. Abdou (2021), por exemplo, fala em burocracia digital para se referir à gestão eletrônica do governo com o objetivo de melhorar os indicadores básicos na boa governança pública, que são: transparência, responsabilidade, eficiência e efetividade. Já para Maclean e Titah (2021), o termo governo eletrônico compreende serviços com diferentes tipos de interações, como a obtenção de informações, a realização de transações e o estabelecimento de contratos, excluindo serviços especializados como e-participação, e-democracia, governo aberto, governo inteligente e o uso de redes e mídias sociais, por compreenderem que se trata de uma tradução para o e-commerce utilizado no ambiente de negócios.
O governo eletrônico, na esteira do
Os estudos de Cristóvam, Saikali e Sousa (2020), Medeiros e
Guimarães (2006) e Silva Neto
Medeiros e Guimarães (2005) definem governança eletrônica como a influência da participação social (cidadãos civis e organizações públicas e privadas) através de sua manifestação política com relação aos processos decisórios do governo, bem como na formulação, no acompanhamento e na fiscalização das políticas públicas por meios eletrônicos. É a ampliação do relacionamento sociedade-governo, através das TICs, promovendo a participação social e a difusão da e-democracia.
A política do governo eletrônico favorece o
Além do avanço tecnológico e da
Estudos em âmbito internacional abordam a temática com distintos
focos. Banghui, Yonghan e Guitao (2020), Perez-Morotea, Pontones-Rosaa
e Nunez-Chicharrob (2020), Maclean e Titah (2021), e Khan
O contexto da pandemia foi considerado por Yasir
Desde os primórdios do governo eletrônico no Brasil, se discutia a
ampliação do acesso à
Barbosa (2017) analisa o perfil da produção científica brasileira sobre governo eletrônico, apontando que há uma lacuna que diz respeito ao aprimoramento dos instrumentos de governo eletrônico, com a necessidade de buscar maior eficiência e interação. Nesse sentido, Cristóvam, Saikali e Sousa (2020), ao discutirem o governo digital na implementação de serviços públicos para a concretização de direitos sociais no Brasil, concluem ser necessária uma disrupção com a política atual de governo eletrônico para algo que efetivamente fomente e impulsione o acesso e a participação social.
Dentro das ferramentas do e-gov 2.0, as redes sociais online criam
vias para o governo interagir com os cidadãos, tornando-se mais
participante e acessível (BANNISTER; CONNOLLY, 2012; HERINGER;
CARVALHO; LEITE, 2019; KHAN
Até o ano de 2016, o governo brasileiro promovia a participação
social por meio de
O uso de TICs visando a maior participação dos cidadãos nas decisões governamentais, gerando assim mudanças sociais, é conhecido por e-participação (RIBEIRO; BARBOSA, 2016) ou por e-democracia (CRISTÓVAM; SAIKALI; SOUSA, 2020). Sá (2019) ressalta o esforço da gestão pública com a comunidade local, afirmando que as redes sociais online podem ser consideradas ferramentas de participação cidadã, e para desenvolvimento do relacionamento Estado e Sociedade.
Freitas (2016) pesquisou a transformação social advinda das iniciativas do governo brasileiro para a participação social, citando algumas plataformas criadas por entes federativos para promoção da democracia digital. No entanto, reforça que a desigualdade social é reproduzida na participação social digital, devido à desigualdade de acesso às TICs e ao campo político brasileiro.
Ao pesquisar como o Legislativo brasileiro utiliza o Facebook para
promoção da participação cidadã, Lenhard (2016) concluiu que comparado
a outros órgãos, o Legislativo apresenta mais publicações destinadas
ao incentivo da participação pública. O Senado utiliza a rede para
informar sobre leis e auxílio ao cidadão, a Câmara dos Deputados tem o
Facebook como
No segmento dos policiais, diversos estudos abordam a utilização
das redes sociais online por policiais, por exemplo, Silva (2019)
analisou a performance institucional da Polícia Militar de Pernambuco,
considerando as publicações da
Alcadipani e Medeiros (2016, p. 605) apontaram que os policiais
encontraram no Facebook “um espaço propício para manifestações
diversas, incluindo a resistência cotidiana, na forma de oferecer
versões particulares de acontecimentos, projetos e visões de mundo”,
abrindo discussões sobre o que seja o espaço público no contexto das
redes sociais online. Os policiais nas redes online também foram tema
de uma discussão provocada pelo CESeC (Centro de Estudos de Segurança
e Cidadania) da Universidade Cândido Mendes, a convite da UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura). Nesse estudo, os pesquisadores realizaram o primeiro
levantamento dos
A partir de 2020, o contexto pandêmico incorporou às redes sociais
online um papel importante também para a gestão pública. Os estudos de
Lima
Presente também no policiamento de outros países democráticos, a Polícia Comunitária, vista aqui como um modelo de organização e de prática do policiamento, tem o intuito de representar “o lado progressista e avançado do policiamento” (SKOLNICK; BAYLEY, 2006, p. 15) e seus objetivos são alcançados no relacionamento estreito dos policiais com as comunidades locais. Polícia Comunitária pressupõe a participação social da comunidade, alvo das políticas públicas de segurança (FRÜHLING, 2006; 2007; ROSENBAUM, 2012; SKOLNICK; BAYLEY, 2006; TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994).
Os esforços em direção ao modelo da Polícia Comunitária promoveram
no Brasil a criação de vários programas e práticas que, no geral,
buscavam, por meio da participação social, incluir as comunidades
locais nas práticas de segurança pública, compartilhando uma visão
comunitária do policiamento preventivo. Como, por exemplo, o sistema
japonês
Desde os anos 1990, os policiais militares brasileiros têm sido incentivados a falar e a ouvir, a orientar e a serem orientados pelo público a quem prestam o serviço de segurança, num movimento que parecia se fortalecer no Brasil (FRÜHLING, 2006; 2007). Tais mudanças são contextualizadas pela evolução institucional da polícia no mundo, especialmente no século XIX (BATITUCCI, 2010; GOLDSTEIN, 2003); e também pelas iniciativas de reforma policial na América Latina, influenciadas pelos processos de democratização ocorridos no continente durante as décadas de 1980 e 1990 (FRÜHLING, 2007). Por exemplo, em 2019, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) instituiu a Diretriz Nacional de Polícia Comunitária como documento institucional orientador, destinado à criação e à estruturação do Sistema Nacional de Polícia Comunitária, reunindo estratégias e filosofias para a aproximação entre polícia e comunidade (BRASIL, 2019b).
A Polícia Comunitária, como um modelo de organização e de prática do policiamento, acontece orientada por um dos seus principais pressupostos: o relacionamento estreito do policial com seu público, com o objetivo de solucionar problemas locais, mesmo que estes não estejam relacionados com a persecução penal (ROSENBAUM, 2012; SKOLNICK; BAYLEY, 2006; TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994). O crime legislado não deixa de ser importante, no entanto, valoriza-se qualquer problema que tenha relação com a qualidade de vida da comunidade local, mesmo que o problema não tenha relação com a lei, propriamente dito. Então, para que a polícia possa tratar o medo do crime é primordial que exista o relacionamento pessoal de um policial (conhecedor do lugar e das pessoas que nele habitam) com seu público (disposto a exercitar a cidadania, tornando-se coprodutor de segurança), para além do tratamento estatístico e impessoal dos índices criminais.
Sob a égide da Polícia Comunitária, pode-se afirmar que as polícias
brasileiras têm buscado criar e incentivar o desenvolvimento de
práticas policiais que incluem a própria comunidade nas políticas
públicas de segurança, de forma que seja possível valorizar a
qualidade de vida, para além dos índices criminais (FERRAGI, 2011;
FRÜHLING, 2006, 2007; GODINHO
O uso das redes sociais online já auxiliava a execução do policiamento comunitário, mesmo antes da pandemia da COVID-19. Em 2015, Baccin e Cruz (2015) destacaram a importância do papel das redes sociais online na segurança pública, especialmente para a Polícia Comunitária. Os autores mostraram que a Polícia Militar do estado brasileiro de Santa Catarina, assim como as polícias dos Estados Unidos e da Austrália, já reconhecia as redes sociais online como uma ferramenta do trabalho policial.
Com as medidas restritivas e de isolamento social, no combate à pandemia da COVID-19, novos desafios se apresentaram para o policiamento comunitário, levando os policiais a buscarem alternativas de aproximação com a população, dentre as quais as redes sociais online. Discutido o conceito de governo eletrônico e as possibilidades de relação do governo-sociedade através das redes sociais online, bem como a participação social no policiamento comunitário, promovido pelas polícias militares brasileiras, assumiram-se os procedimentos metodológicos descritos a seguir.
Nesta pesquisa, a atuação das polícias militares brasileiras na rede social Instagram foi analisada numa abordagem qualitativa. Caracterizando-se como uma pesquisa documental (RICHARDSON, 2012) nas redes sociais online, os dados foram posteriormente submetidos à Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) para o alcance dos objetivos da pesquisa.
O material empírico, de acesso público, foi obtido pela busca de perfis oficiais de agências policiais militares brasileiras na internet (Tabela 1). Inicialmente, foram priorizados para a análise aqueles perfis que pudessem ser considerados como “conta verificada”. Essa ferramenta, disponibilizada pelo Instagram, permite identificar tais perfis por um selo azul característico, fixado ao lado do nome, conforme regras da plataforma. Este é um recurso atribuído aos perfis considerados socialmente relevantes, incluindo entidades governamentais, o que traz maior credibilidade e segurança aos perfis analisados (FREIRE, 2021). Dentre as 27 polícias militares, 11 delas têm perfil autenticado no Instagram como “conta verificada”. Incluímos aqui a Brigada Militar (Rio Grande do Sul), embora essa organização se denomine de maneira diversa de outros estados. As organizações policiais militares dos 25 estados e do Distrito Federal, bem como a Brigada Militar/RS, foram consideradas neste estudo de maneira conjunta. Totalizaram-se 27 organizações policiais, abrangendo todo o território nacional.
Posteriormente, expandiram-se as análises para outros perfis, de forma a abarcar todas as contas no Instagram das polícias militares do país. Juntas, as contas no Instagram que se apresentavam como sendo de propriedade oficial da Polícia Militar de cada estado somaram quase três milhões de seguidores.
O Instagram é uma plataforma de rede social online que permite que
os perfis realizem, no mínimo, três formas de postagens aos seus
seguidores: são os denominados
Do total de 72.686 postagens (
Aplicou-se a Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) na busca por
compreender como se davam a atuação das polícias militares brasileiras
na rede social Instagram, durante a pandemia da COVID-19. Na primeira
etapa da análise de conteúdo, na pré-análise, realizaram-se os
procedimentos para a análise propriamente dita: seleção do
PMAC | Acre | pmacoficial | Não | 05/12/2016 | 1.660 | 31.900 |
PMAL | Alagoas | pmal.oficial | Não | 31/08/2017 | 3.360 | 71.700 |
PMAP | Amapá | policiamilitardoamapa | Não | Indefinido | 1.962 | 34.500 |
PMAM | Amazonas | pmamazonas | Não | 14/11/2012 | 2.320 | 73.700 |
PMBA | Bahia | pmdabahia | Sim | 03/01/2014 | 4.688 | 242.000 |
PMCE | Ceará | policiamilitardoceara | Sim | 13/04/2016 | 1.835 | 136.000 |
PMDF | Distrito Federal | pmdfoficial | Sim | 01/04/2014 | 3.150 | 145.000 |
PMES | Espírito Santo | policiamilitar.pmes | Não | 30/05/2017 | 871 | 45.800 |
PMGO | Goiás | policiamilitargo | Não | 16/02/2014 | 7.525 | 291.000 |
PMMA | Maranhão | pmmaoficial | Não | Indefinido | 589 | 32.200 |
PMMT | Mato Grosso | pmmt_oficial | Não | 01/12/2015 | 4.316 | 61.800 |
PMMS | Mato Grosso do Sul | pmmsoficial | Não | Indefinido | 1.264 | 15.400 |
PMMG | Minas Gerais | pmmg.oficial | Sim | 23/05/2016 | 1.455 | 218.000 |
PMPA | Pará | policiamilitarpaoficial | Não | 27/09/2013 | 1.310 | 44.700 |
PMPB | Paraíba | pmpboficial | Sim | 11/05/2017 | 1.503 | 70.300 |
PMPR | Paraná | pmproficial | Não | 21/08/2017 | 1.095 | 87.900 |
PMPE | Pernambuco | pmpeoficial | Sim | 23/04/2015 | 1.906 | 128.000 |
PMPI | Piauí | pmpi_oficial | Não | Indefinido | 1.166 | 25.500 |
PMERJ | Rio de Janeiro | policiamilitar_rj | Sim | 04/03/2015 | 3.373 | 312.000 |
PMRN | Rio Grande do Norte | pmrnoficial | Não | 06/09/2012 | 7.139 | 42.300 |
PMRS | Rio Grande do Sul | brigada_militaroficial | Não | 07/01/2016 | 4.391 | 63.200 |
PMRO | Rondônia | pmro_oficial | Não | Indefinido | 1.277 | 12.300 |
PMRR | Roraima | pmrroficial | Não | Indefinido | 1.965 | 20.500 |
PMSC | Santa Catarina | pmscoficial | Sim | 05/08/2015 | 3.977 | 134.000 |
PMESP | São Paulo | policiamilitarsp_oficial | Sim | 01/10/2015 | 4.159 | 495.000 |
PMSE | Sergipe | pmsergipe | Sim | 08/08/2016 | 2.860 | 95.300 |
PMTO | Tocantins | pmto_oficial | Sim | 30/03/2015 | 1.570 | 42.900 |
72.686 | 2.972.900 |
* O Instagram não informa a data de entrada na plataforma de contas com baixo número de seguidores.
** O número de publicações refere-se ao dia 05/11/2021.
Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa.
Sem estabelecer categorias iniciais
Essas categorias emergiram ao ser verificado que as postagens em análise apontam que as redes sociais online são mecanismos para dois tipos de atuação: a expansão do espaço público para interação com a sociedade; e a expansão do espaço institucional para comunicação com a sociedade. Se, por um lado, a polícia busca interagir com a sociedade, numa visão de relacionamento próximo com o cidadão, ouvindo-o; por outro lado, a polícia busca apenas comunicar, sem a necessidade de ouvir.
Embora seja um desafio enfrentado nas mudanças institucionais, essas duas categorias podem ser consideradas como dimensões na possível emergência do e-policiamento comunitário, visto sua capacidade de interagir com o público (“mão amiga”) e, também, reforçando os pressupostos institucionais nos adjetivos militares (“braço forte”). Essas duas dimensões são relacionais e, sendo assim, deveriam caminhar juntas na direção das reformas policiais, valorizando a melhoria dos serviços públicos de segurança. Como defende Rosa (2007, p. 309), há um perigo em tratar de forma dual essas imagens na Polícia Militar, numa divisão simbólica existente entre “o braço forte que luta e a mão amiga que ajuda [...] deixando de ver essas duas dimensões da organização de um ponto de vista relacional, em que sem o braço, a mão não se apoia e, sem a mão, o braço não tem força”.
Por fim, na terceira etapa, realizaram-se a inferência e a interpretação, considerando o objetivo da pesquisa, cujos resultados são apresentados a seguir.
As postagens (
Categoria Imagem |
||
---|---|---|
Imagem do policial militar | Guerreiro e temido pelos criminosos | Amigo conhecido pela comunidade local |
Imagem da sociedade civil | Indiferente e não responsável pela segurança | Sociedade ativa e corresponsável pela segurança |
Imagem da interação do policial militar com os civis | Relacionamento distante | Relacionamento próximo |
Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa.
A análise inicial apontou que o uso das redes sociais online pelas
organizações militares dos estados e do Distrito Federal não se
iniciou como uma resposta ao contexto pandêmico. A maioria das contas
foi criada antes da pandemia de 2020 (Tabela 1), embora seu uso tenha
se intensificado com o regime de isolamento social no combate à
pandemia da COVID-19. Quanto à frequência das postagens, observou-se
que nem todas as polícias promovem interações diárias, algumas, como a
organização policial militar de Goiás, fazem mais de 10
Nas redes sociais online analisadas, observou-se o interesse das
organizações policiais militares pelas imagens do Braço Forte (como,
por exemplo, na PMGO). Já na categoria final que se chamou de Mão
Amiga, observam-se inovações policiais na busca pela aproximação do
público civil (como, por exemplo, o apelo humorístico das postagens da
PMBA). Além das atividades de relações públicas e de assistência
social, foram identificadas atividades (Quadro 2) que objetivavam,
especificadamente, a aproximação do público civil, de maneira direta,
dentre elas a do policiamento comunitário mediado pelas RSO, o que
denominamos aqui de
Dentre as atividades sobre a realização do policiamento comunitário
remoto, de maneira especializada, identificadas pela expressão
1. Braço forte: conteúdo orientado para o fortalecimento corporativo | ||
Divulgação de atos heroicos ligados ao crime | ||
Reforço de uma cultura militar repressiva | ||
Louvor a símbolos, como o uniforme, as canções militares e as datas comemorativas militares | ||
Apresentação de ocorrências de persecução criminal bem-sucedida | ||
Apresentação das tecnologias utilizadas na persecução criminal | ||
Louvor aos equipamentos militares, como armas, efetivos e veículos policiais | ||
2. Mão amiga: conteúdo orientado para a participação social | ||
Divulgação de atos heroicos não ligados ao crime, como em resgates, partos, doação de sangue e outros | ||
Divulgação de dicas de segurança, incluindo as medidas de prevenção da COVID-19 | ||
Aproximação de outros órgãos, como em reuniões com civis relacionadas à segurança pública | ||
Apoio a questões sociais, campanhas de saúde, envolvimento com cursos de Libras, datas comemorativas civis, valorização da mulher, proteção das crianças, defesa da educação, homenagem às personalidades civis, defesa de valores religiosos e regionais, apresentações musicais (banda de música da Polícia Militar) e outros | ||
Publicações e |
||
Divulgação de fotos e vídeos (de policiais humanos, não combatentes): relacionamento do policial com civis, geralmente acompanhados de mensagens motivacionais; fotos de policiais atendendo atentamente um civil, recebendo o carinho de uma criança ou com sua família, mostrando-se como parte da mesma sociedade | ||
Realização do |
||
Atividades de assistência social | ||
Promoção de campanhas solidárias da Polícia Militar | ||
Promoção de campanhas solidárias de outras organizações | ||
Informações úteis diversas, relacionadas à segurança pública ou ao interesse geral | ||
Prestação de contas | ||
Notas à imprensa sobre ocorrências de grande repercussão | ||
Informativo de interesse do público externo | ||
Informativo de interesse do público interno | ||
Promoção do perfil no Instagram, publicando curiosidades
sobre a vida e o trabalho do policial militar, brincadeiras
interativas no |
Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa.
Figura 1: Recortes do Instagram com a ênfase nas imagens da Mão Amiga
Fonte: Material da pesquisa. Observação: Informações pessoais foram omitidas.
Destacam-se também algumas iniciativas (Figura 1) que se aproximam
dos pressupostos defendidos pela Polícia Comunitária (ROSENBAUM, 2012;
SKOLNICK; BAYLEY, 2006; TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994): uso de vídeos
de humor, com conteúdos do teatro produzido pelos policiais (as
chamadas
Fonte: Material da pesquisa. Observação: Informações pessoais foram omitidas.
As análises dos perfis do Instagram de organizações policiais
militares sinalizam também que, em alguns casos (Figura 2), há uma
predominância de postagens que valorizam as imagens do Braço Forte,
principalmente acerca da persecução criminal (como é o caso da PMAL,
uma das contas mais recentes), enfatizando a figura do herói, forte,
destemido e que valoriza a cultura militar, mesmo que se contraponha
aos pressupostos da polícia de proximidade. Dificuldades em superar
essa visão unicista da polícia combatente e de um policial que deve
ser temido foram também apontadas em outros estudos (FRÜHLING, 2006;
2007; MUNIZ
A análise identificou postagens com características de manchetes jornalísticas (PMAP), prestando contas de operações e apreensões realizadas (PMPI) por meio da persecução criminal, e prestação de contas sobre operações (PMRR). Houve também a apresentação de pequenas curiosidades sobre a cultura militar (PMRN), reforçando os valores positivos do militarismo, evitando o estranhamento na aproximação com o público. A figura do policial militar é ovacionada como herói, tanto em postagens sobre os atos heroicos de policiais militares, incluindo o êxito da persecução criminal, quanto nas postagens motivacionais relacionadas à cultura militar (PMDF), em que a promessa do profissional em sacrificar a própria vida em defesa da comunidade é relembrada. Algumas organizações evidenciam também o poderio militar, tanto com postagens que mostram atividades reais de uma polícia distante, de um policial forte e guerreiro, atuante na persecução criminal, quanto com mensagens motivacionais, que objetivam a prevenção criminal, com o objetivo de amedrontar o criminoso, pois a polícia deve ser temida. É o caso da PMERJ, da PMRN (a conta mais antiga) e da PMGO (conta com o maior número de postagens).
Nos casos representados pela Figura 2, em que há uma ênfase no Braço Forte (Quadro 2), sempre há a presença da figura do herói. Em um dos posts, a PMDF escreve: “pra você, o que é #coragem? Coragem para fazer o que tem que ser feito, acreditar no treinamento e honrar o compromisso de doação da própria vida. Uma semana de coragem para todos. Orgulho de ser Policial Militar!”. Em outra postagem, a PMTO: “Não permitiremos que o mal triunfe. Desistir nunca, recuar jamais”. De modo geral, quase a metade das postagens analisadas remete a fotos de policiais em ação ou em treinamento, acompanhadas de mensagens motivacionais ou de enaltecimento do trabalho da polícia militar.
Houve um aumento da quantidade das postagens ao longo do primeiro
semestre de 2020, ainda que não significativo. Nesse período, houve
uma maior diversificação nos temas das postagens: as postagens
motivacionais e de enaltecimento do trabalho da polícia foram
reduzidas; as de apresentação do trabalho nas unidades das polícias
militares, buscando a interação com o público por meio de estratégias
diversas (Quadro 2), foram aumentadas; e foram incluídas: datas
comemorativas, dicas de prevenção à COVID-19, nota de falecimento,
fotos antigas (as chamadas
Embora todas as unidades da polícia estejam presentes nas redes
sociais online em análise, houve uma presença significativa das
unidades cuja especialidade esteve ligada ao policiamento de
proximidade, sob os pressupostos da Polícia Comunitária. Com relação
ao que chamamos de e-policiamento comunitário, especificamente,
destacam-se postagens sobre unidade policiais, cuja especialidade é a
polícia comunitária, por exemplo: apresentação da patrulha rural
comunitária (em junho, na PMTO), divulgação de uma
Embora haja, em algumas postagens, um foco no Braço Forte,
evidenciando o poderio militar, na figura do policial combatente,
distante e temido, observou-se, também, o exercício do policiamento
comunitário na modalidade remota, cujos pressupostos são opostos a
essa intenção. No caso da PMTO, houve a promoção de um aplicativo
remoto no patrulhamento de prevenção à violência doméstica e, também,
de uma
Fonte: Material da pesquisa. Observação: Informações pessoais foram omitidas.
As diversas postagens passaram a indicar, também, outros canais online de interação com os seguidores para receber denúncias anônimas e para disponibilizar acesso a outros serviços da polícia. As postagens ovacionaram, também, fotos de situações de interação do policial com outros cidadãos, deixando transparecer que a polícia faz e está pronta para fazer o contato comunitário diário com a comunidade de maneira amiga e próxima.
Embora haja uma clara tentativa da organização policial militar em
praticar o governo eletrônico por meio das redes sociais online, este
estudo não buscou identificar se há uma real interação a partir desses
Esta pesquisa teve como foco o período da pandemia da COVID-19, considerando que o governo eletrônico e as redes sociais online são plataformas relevantes para as interações com a comunidade, principalmente, para informar e educar as pessoas quanto às medidas de proteção contra a COVID-19. Os achados desta pesquisa apontam que, durante a pandemia, as redes sociais online, em especial o Instagram, constituíram-se em uma ferramenta para apresentar a organização policial e apoiar um programa de relações públicas, no entanto, as redes sociais online não se revelaram como alternativas para alcançar os objetivos da Polícia Comunitária, incluindo a participação social por meio da comunicação e a proximidade do policial com o seu público local.
A análise aponta que as políticas brasileiras criaram um canal de fala com o Instagram, no entanto, não necessariamente um canal de escuta, ou seja, as polícias militares não utilizam todo o potencial das redes sociais online para as interações da polícia-sociedade. Os exemplos brasileiros capturados são iniciativas pontuais de cada organização policial, não sendo possível afirmar que sejam práticas uníssonas nacionalmente, o que pode ser explicado pelos desafios na implementação do e-gov, principalmente no que diz respeito à desigualdade digital (DAVISON; WAGNER; MA, 2005; FREITAS, 2016). Adicionalmente, tem-se o desafio de que tais práticas dependem da iniciativa pessoal de cada policial que coordena as redes sociais da organização policial, não se apresentando como um esforço institucional das polícias brasileiras, de forma conjunta, como foi observado.
Como defende a literatura de Governo Eletrônico (BARBOSA, 2017; MEDEIROS; GUIMARÃES, 2005; 2006), dar informações apenas não é o mesmo que trazer a sociedade para participar das decisões. A participação social nas políticas públicas de segurança é um pressuposto da Polícia Comunitária que pode ser realizado por meio das redes sociais online, suportadas pelo Governo Eletrônico. No entanto, pode-se dizer que não é um esforço da polícia brasileira, embora já tenham apontado o caminho no decorrer dos últimos anos, em especial no contexto pandêmico, mas, sim, são iniciativas pontuais em algumas polícias e em alguns lugares no Brasil. O policiamento comunitário remoto é uma via a ser considerada, embora a maioria das organizações policiais militares não aproveite o potencial das redes sociais online para as práticas do que chamamos de e-policiamento comunitário.
Embora algumas polícias militares pelo Brasil utilizem o
Instagram, na maior parte do tempo, apenas para apresentar o que já
está sendo feito, ferramentas como rádio
No Brasil, há uma tendência de justificar as práticas policiais na direção da qualidade de vida, para além dos índices criminais, mesmo no contexto pandêmico. Como afirmam Skolnick e Bayley (2006), as agências de segurança pública pelo mundo têm entendido que é preciso promover a qualidade de vida da população e reduzir o medo do crime, prestando às comunidades locais um serviço público de qualidade.
Embora as trocas das mensagens privadas não tenham sido
analisadas, como, por exemplo, a ferramenta denominada
Entretanto, para explorar todo o potencial das redes sociais
online para as práticas do e-policiamento, é preciso não apenas
falar ao público, mas também ouvir; além de prover o público de
condições para participar ativamente do diálogo. Essa é uma
discussão que passa pela formação, imagem e identidade profissional
de policiais militares a partir da relação de proximidade dos
policiais, representantes do Estado, e a sociedade (MUNIZ
As reformas das práticas policiais na direção de uma sociedade
democrática e participativa são frutos de um esforço de longo prazo.
Tal assertiva, suportada por estudos anteriores (BATITUCCI
Ainda assim, não é incorreta a afirmativa de que o alcance dos pressupostos na direção do policiamento cidadão e democrático pode ter sido prejudicado pela COVID-19. Os avanços da reforma das práticas policiais podem ter sido comprometidos. Tais esforços têm enfrentado desafios há décadas; e sua modalidade predominantemente online não foi capaz de superá-los. As reformas das práticas policiais ao longo dos séculos já davam conta da importância de se considerar o contexto social em que se insere na evolução institucional e no processo de profissionalização da polícia desde o século XIX (BATITUCCI, 2010). Como visto aqui, a defesa da polícia de proximidade, ou polícia cidadã, presente na Polícia Comunitária, também dá conta de que a polícia precisa, de fato, responder ao contexto em que se insere localmente, respondendo de maneira cotidiana e particular ao público para o qual esteja servindo, o que pressupõe relacionamento. Mas o contexto pandêmico desafiou tais práticas, colocando em xeque os avanços alcançados até então no relacionamento com o público.
Esta pesquisa apontou que as redes sociais online são ferramentas de Governo Eletrônico que possibilitam o alcance dos objetivos propostos pelo policiamento de proximidade durante o contexto pandêmico. Embora as reformas das práticas policiais na direção do policiamento democrático continuam exigindo dos policiais militares criatividade e disposição na superação de uma visão unicista da segurança pública, ligada somente às imagens do Braço Forte, é possível afirmar que o uso das redes sociais online pode promover também as imagens de uma Mão Amiga.
O contexto pandêmico estimulou iniciativas de e-policiamento comunitário como uma ferramenta de e-participação e e-mobilização social das políticas públicas de segurança. Embora pareçam depender da iniciativa do policial, as iniciativas identificadas por todo o país, para além das normas institucionais, apontam que as redes sociais online podem ser uma ferramenta do governo eletrônico útil para produzir uma segurança pública participativa e cidadã.
Este artigo buscou compreender a atuação das polícias militares brasileiras na rede social Instagram, durante a pandemia da COVID-19. Analisaram-se também iniciativas de policiamento comunitário mediado pelas redes sociais online nesse período de crise sanitária, econômica e social. A pesquisa apontou que o Governo Eletrônico é possível por meio das redes sociais online, podendo melhorar a relação Estado-Sociedade e o alcance dos pressupostos da Polícia Comunitária no enfrentamento da pandemia, envolvendo o público civil nas políticas públicas de segurança, na direção da polícia cidadã e democrática.
No entanto, apesar do período da pandemia demandar uma atuação diferente, as organizações policiais acabam por priorizar a comunicação institucional, não explorando todo o potencial das redes sociais online, nos diversos caminhos do diálogo e da e-participação social. Há de se considerar que parte da população não tem acesso à internet, por isso, a atuação das polícias militares nas redes sociais online deve ser combinada com outras modalidades e, ainda, com políticas públicas para prover tais recursos, de modo a contribuir para o enfrentamento da pandemia no que diz respeito à segurança pública.
As imagens promovidas pelo Braço Forte e pela Mão Amiga podem caminhar juntas na direção da melhoria dos serviços públicos de segurança. Não se espera que o braço forte seja substituído pela mão amiga; espera-se apenas que não seja considerado como a única maneira de interpretar as organizações policiais militares. As imagens promovidas por estas categorias deveriam ser interpretadas num ponto de vista relacional, pois, de fato, “sem o braço, a mão não se apoia e, sem a mão, o braço não tem força” (ROSA, 2007, p. 309).
Embora o artigo não tenha assumido o compromisso de avaliar o policiamento comunitário, foi possível apontar caminhos importantes na melhoria dos serviços públicos de segurança, através do uso das ferramentas de Governo Eletrônico, em especial, as redes sociais online. Como contribuição prática para os gestores públicos, esta pesquisa aponta que as políticas públicas poderiam ser orientadas para garantir que a população vulnerável economicamente e os cidadãos com baixa qualificação para o uso de tecnologias se beneficiem das funções mais amplas do governo eletrônico, de modo a reduzir a desigualdade digital.
Pesquisas que se concentrem na atuação das polícias no
enfrentamento dos desafios da pandemia, mas na perspectiva dos
cidadãos, poderiam encontrar indicadores-chave para a promoção da
participação dos cidadãos e de interações efetivas entre a polícia e a
comunidade. Sugerem-se, portanto, futuras pesquisas que considerem a
avaliação da qualidade da interação da polícia com o seu público, no
período da pandemia da COVID-19, considerando as trocas de mensagens
instantâneas realizadas pela internet, como no
Outro ponto de destaque nesta pesquisa é a utilização das redes sociais online de forma institucionalizada pela Polícia Comunitária, o que chama atenção para as possibilidades de criação de um e-policiamento comunitário dentro da perspectiva do e-Gov, em que as interações dos policiais com a comunidade seriam estreitadas. Nesse sentido, sugerimos a realização de pesquisas que abordem a utilização das redes sociais online pelas polícias e, especialmente, pela polícia comunitária, com vistas a concentrar esforços para desenvolverem teoricamente o termo e-policiamento comunitário.
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