PCC, sistema prisional e gestão do novo mundo do crime no Brasil

Autores

  • Bruno Paes Manso
  • Camila Nunes Dias

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2017.v11.n2.854

Palavras-chave:

PCC. Prisões. Fronteiras. Redes criminais. Drogas ilícitas.

Resumo

Desde que surgiu, em agosto de 1993, o Primeiro Comando da Capital (PCC) vem desafiando as autoridades de segurança pública e pesquisadores do tema sobre as causas de seu nascimento, de seu fortalecimento e o papel que exerce no mundo do crime e na sociedade em geral. Durante as décadas de 1990 e 2000 assistiu-se a um processo de espraiamento do PCC dentro do sistema prisional de São Paulo e para fora das prisões. Esse processo foi permitindo o estabelecimento de uma conexão entre a prisão e o “mundo do crime” que, a partir de 2006, passou a abranger outros estados da federação. Nesse sentido, os massacres ocorridos nas prisões do Norte e Nordeste, em 2016 e nos primeiros dias de 2017, foram apenas uma das consequências mais visíveis das articulações e da movimentação que vêm se desenrolando nas prisões brasileiras, nas fronteiras do país com os vizinhos produtores de drogas ilícitas e nas periferias dos centros urbanos de pequenas, médias e grandes cidades. O objetivo deste trabalho é, a partir desses acontecimentos e do quadro atual da violência no Brasil, elencar alguns elementos que permitam compreender o processo histórico e sociológico pelo qual vem passando a sociedade brasileira, com reflexos na violência, na ampliação das redes criminais e em ações de segurança e de justiça que não parecem capazes de lidar com o problema. Este texto é resultado de várias pesquisas realizadas pelos autores, as quais têm como base registros documentais (documentos oficiais, material produzido pelos próprios presos e os trabalhos etnográficos já publicados) e entrevistas com diversos atores (policiais, agentes penitenciários, juízes, promotores e presos).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Paes Manso

Pesquisador-pleno do grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, vinculado à Escola de Comunicação e Artes e ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo - USP. Pós-doutorando no Núcleo de Estudos da Violência da USP - NEV/USP. Doutor e mestre em Ciência Política pela USP.Graduado em Economia pela USP e em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP.

Camila Nunes Dias

Professora adjunta da Universidade Federal do ABC - UFABC. Doutora e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo  - USP. Graduada em Ciências Sociais pela USP. Pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos da Violência da USP - NEV/USP.

Referências

ADORNO, Sérgio; SALLA, Fernando. Criminalidade organizada nas prisões e os ataques do PCC. Estudos Avançados, v. 21, n. 61, set/out. 2007, pp. 7-29.

BASTOS, Francisco Inácio; BERTONI, Neilane. Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares no Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras? Rio de Janeiro: Fundação Osvaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, 2014.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, Edusp, 2000.

CERQUEIRA, Daniel; FERREIRA, Helder; LIMA, Renato Sérgio de; BUENO, Samira; HANASHIRO, Olaya; BATISTA, Filipe; NICOLATO, Patricia. Atlas da Violência 2016. Brasília: Instituto Econômico de Pesquisas Aplicadas (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2016.

DIAS, Camila Caldeira Nunes PCC:hegemonia nas prisões e monopólio da violência. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013.

DIAS, Camila Caldeira Nunes Encarceramento, seletividade e opressão: a “crise carcerária como projeto político. São Paulo: Friedrich Ebert Stiftung. Análise 28, junho 2017.

DIAS, Camila Caldeira Nunes; BRITO, Josiane da Silva. A privatização das prisões em duas perspectivas: preso como mercadoria e gestão compartilhada com Comandos. Revista Comciência Dossiê 188, maio de 2017.

FELTRAN, Gabriel de Santis. The management of violence on the periphery of São Paulo: A normative apparatus repertoire in the “PCC era”. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, v.7, n. 2, 2010a.

FELTRAN, Gabriel de Santis. Margens da política, fronteiras da violência: uma ação coletiva das periferias de São Paulo. Lua Nova, No. 79, 2010b, pp. 201-233.

FERNANDES, Heloísa Rodrigues. Violência e modos de vida: “Os Justiceiros”. Tempo Social, v. 4, n. 1-2, 1992, pp. 43-52.

MANSO, Bruno Paes. O Homem X: Uma reportagem sobre a alma do assassino em São Paulo. São Paulo: Editora Record, 2005.

MANSO, Bruno Paes. Homicide in São Paulo: An Examination of trends from 1960 to 2010 Switzerland: Springer International Publishing, 2016.

MANSO, Bruno Paes. A Guerra: Como o PCC deflagrou uma crise nas prisões brasileiras ao tentar ganhar poder fora de São Paulo. Revista Piauí, no. 125, Fev. 2017, pp 24-30.

MINGARDI, Guaracy. Os matadores da periferia paulistana. Revista do ILANUD, n. 3, 1991, pp 31-42.

MISSE, Michel. Crime, sujeito e sujeição criminal: aspectos de uma contribuição analítica sobre a categoria do bandido. Lua Nova, n. 79, 2010, pp. 235-244.

SILVA, José Fernando Siqueira da. Justiceiros e violência urbana. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

SINHORETTO, Jacqueline; SILVESTRE, Giane; SCHLITTLER, Maria Carolina. Desigualdade racial e segurança pública: letalidade policial e prisões em flagrante. São Paulo: UFScar, 2014.

UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME World Drug Report 2016Geneva: UNODC, 2016.

VARELLA, Drauzio. Carcereiros. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012: Os novos padrões da violência homicida no Brasil. Instituto Sangari, 2012.

ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta: As organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Editora Brasilense, 1985.

Downloads

Publicado

17-10-2017

Como Citar

MANSO, Bruno Paes; DIAS, Camila Nunes. PCC, sistema prisional e gestão do novo mundo do crime no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 10–29, 2017. DOI: 10.31060/rbsp.2017.v11.n2.854. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/854. Acesso em: 18 abr. 2024.