Violência sistemática e perseguição social no Brasil

Autores

  • Marlon Alberto Weichert

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2017.v11.n2.861

Palavras-chave:

Polícia democrática. Segurança pública. Reformas institucionais. Justiça de transição. Crime contra a humanidade.

Resumo

Os índices de mortes violentas em geral e de letalidade estatal em particular situam o Brasil como um dos países mais violentos do mundo. Diferentemente de outros Estados egressos de regimes autoritários ou de conflitos internos, a violência no Brasil experimenta um elevado crescimento após o fim da ditadura militar, decorrente do aumento da desigualdade social e da política de guerra às drogas. Sem ter promovido reformas institucionais no aparato de segurança pública na sequência do período autoritário, o país tem reforçado uma política de mão dura para lidar com esse fenômeno de criminalidade contemporânea, ampliando o poder de corporações policiais historicamente vocacionadas para a repressão social e política. Nesse cenário, despontam diversos indicadores de desenvolvimento de uma política de perseguição silenciosa, porém sistemática, promovida pelo Estado contra a população jovem, negra e pobre brasileira. Essa perseguição encontra suporte nas diversas classes da sociedade brasileira, as quais, por distintos motivos, têm dificuldades em aceitar que a proteção de direitos humanos deva ser um valor inerente à atividade estatal de promoção de segurança pública.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marlon Alberto Weichert

Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto. Procurador Regional da República do Ministério Público Federal. Mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP. Graduado em Direito pela Universidade Federal Fluminense - UFF.

Referências

ANISTIA INTERNACIONAL. Brasil. Queremos ver os jovens vivos! Rio de Janeiro: Anistia Internacional, 2015.

ARIAS, Enrique D.; GOLDSTEIN, Daniel M. Violent Pluralism. Understanding the New Democracies ofLatin America.’ In: ARIAS, Enrique D.; GOLDSTEIN, Daniel M. Violent democracies in latin America. Durham, London: Duke University Press, 2010. p. 1-34.

BRODEUR, Jean-Paul. Coments on Chevigny. In: MENDEZ, Juan E.; O’DONNELL, Guillermo; PINHEIRO, Paulo S. the (un)rule of law and the underprivileged in latin America. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1999. p. 71-86.

BUENO, Samira. Bandido bom é bandido morto: a opção ideológico-institucional da política de segurança pública na manutenção de padrões de atuação violentos da polícia militar paulista. 2014. 145 f. Dissertação (Mestrado em Administração Pública e Governo)–Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2014.

CALDEIRA, Teresa P. R. City of Walls - Crime, segregation and Citizenship in são Paulo. Los Angeles, London: University of California Press, 2000.

CERQUEIRA, Daniel. Causas e consequências do crime no Brasil. 2010.Tese (Doutorado em Economia)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

CHEVIGNY, Paul. Defining the Role of the Police in Latin America. In: In: MENDEZ, Juan E.; O’DONNELL, Guillermo; PINHEIRO, Paulo S. the (un)rule of law and the under-privileged in latin America. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1999. p. 49-70.

CHEVIGNY, Paul. The Control of Police Misconduct in the Americas. In: Crime and Violence in latin America: Citizen security, democracy, and the state. FRÜHLING, Hugo; TULCHIN, Joseph S.; GOLDING, Heather A. Washington, DC: Woodrow Wilson Center Press, 2003. p. 45-68.

CHEVIGNY, Paul. edge of Knife – police violence in the America. New York: The New York Press, 1995.

CHEVIGNY, Paul. Changing Control of Police Violence in Rio de Janeiro and São Paulo, Brazil. In: OTWIN, Marenin (Ed.). Policing Change, Changing Police – international Perspectives. New York, London: Garland, 1996. p. 23-36.

CNMP. Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública. Relatório nacional da execução da Meta 2: um diagnóstico da investigação de homicídios no país. Brasília: Conselho Nacional do Ministério Público, 2012.

COSTA, Marcia R. da. A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira? são Paulo em Perspectiva, v. 13, n. 4, p. 1-12, 1999.

D’ELIA FILHO, Orlando Zaccone. indignos de vida: a forma jurídica da política de extermínio de inimigos na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2015.

FBSP. Anuário Brasileiro de segurança Pública 2014.São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2014.

FBSP. Anuário Brasileiro de segurança Pública 2015.São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2015.

FBSP. Anuário Brasileiro de segurança Pública 2016. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2016.

FGV. Faculdade de Direito. Relatório iPCl Brasil. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2015.FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 58 ed. Rio de Janeiro, São Paulo: Paz & Terra, 2014.

GUIMARÃES, Thiago. Morte com endereço: as cidades que concentram 80% dos homicídios cometidos por policiais em SP. BBC Brasil, 14 mar. 2016.

HOLSTON, James; CALDEIRA, Teresa P. R. Democracy, Law, and Violence: Disjunction of Brazilian Citizenship. In: AGÜERO, Felipe; STARK, Jeffrey.Fault lines of democracy in Post-transition latin America. Miami: North South Center Press, 1998. p. 263-296.

ICPS. World Prision Brief. London: Institute for Criminal Police Research, 2017.

MAINWARING, Scott. Transitions to Democracy and Democratic Consolidation: Theoretical and Comparative Issues. In: MAINWARING, Scott; O’DONNELL, Guillermo; VALENZUELA, J. Samuel. issues in democratic Consolidation: The New South American Democracies in Comparative Perspective. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1992. p. 294-341.

MÉNDEZ, Juan E. Problems of Lawless Violence: Introduction. In: In: MENDEZ, Juan E.; O’DONNELL, Guillermo; PINHEIRO, Paulo S. the (un)rule of law and the underprivileged in latin America. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1999. p. 19-24.

MESQUITA NETO, Paulo. Violência policial no Brasil: abordagens teóricas e práticas de controle. In:, PANDOLFI, Dulce C.; CARVALHO, José M.; CARNEIRO, Leandro P.; GRYNSPAN, Mario. Cidadania, justiça e violência. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999. p. 130-148.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. levantamento nacional de informações Penitenciárias – inFoPen – junho de 2014. Brasília: Ministério da Justiça, 2015.

MISSE, Michel (Coord.). Autos de Resistência: uma análise dos homicídios cometidos por policiais na cidade do Rio de Janeiro (2001-2011). Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.

O’DONNELL, Guillermo. Polyarchies and the (un)rule of law in Latin America: a partial conclusion. In: In: MENDEZ, Juan E.; O’DONNELL, Guillermo; PINHEIRO, Paulo S. the (un)rule of law and the underprivileged in latin America. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1999. p. 303-337.

O’DONNELL, Guillermo. Teoría Democrática y Política Comparada. desarrollo económico – Revista de Ciencias sociales, v. 39, n. 156, p. 519-570, 2000.

O’DONNELL, Guillermo. Transitions, Continuities, and Paradoxes. In: In: MAINWARING, Scott; O’DONNELL, Guillermo; VALENZUELA, J. Samuel. issues in democratic Consolidation: The New South American Democracies in Comparative Perspective. Notre Dame, Indiana: University of Notre Dame Press, 1992. p. 17-56.

OMS. Global status report on violence prevention 2014. Geneva: World HealthOrganization, 2014.

PINHEIRO, Paulo S. The Legacy of Authoritarianism in Democratic Brazil. In: NIGEL, Stuart S. latin American development and Public Policy. New York: St. Martin’s Press, 1994. p. 237-253.

PINHEIRO, Paulo S. The Paradox of Democracy in Brazil. the Brown Journal of World Affairs, v. VIII, n. 1, p. 113-122, 2002.

PRADO, Mariana M.; TREBILCOCK, Michael; HARTFORD, Patrick. Police Reform in Violent Democracies in Latin America. Hague Journal on the Rule of law, v. 4, p. 252-285, 2012.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Secretaria Geral. Mapa do encarceramento: os jovens do Brasil. Brasília: Presidência da República, 2015.

SCALON, Celi. Justiça como igualdade? A percepção da elite e do povo brasileiro. sociologias, n. 18, p. 126-149, 2007.

SINHORETTO, Jacqueline; SCHLITTLER, Maria Carolina; SILVESTRE, Giane. Juventude e Violência Policial no Município de São Paulo. Revista Brasileira de segurança Pública, v. 10, n. 1, fev-mar 2016, p. 10-35.

SKIDMORE, Thomas E.; SMITH, Peter H.; GREEN, James N. Modern latin America. New York,Oxford: Oxford University Press, 2010.

WAISELFISZ, Julio J.Mapa da Violência 2012: A cor dos homicídios no Brasil. Rio de Janeiro, Brasília: CEBELA, FLACSO, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, 2012.

WAISELFISZ, Julio J. Mapa da Violencia 2012 – Os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: lnstituto Sangari, 2011.

WAISELFISZ, Julio J. Mapa da Violência 2014 – Homicídios e Juventude no Brasil. Brasília: Secretaria Geral da Presidência da Republica, 2014.

WAISELFISZ, Julio J. Mapa da Violência 2015 – Morte matada por armas de fogo. Brasília: Secretaria Geral da Presidência da Republica, 2015.

WARD, Heather H. Police Reform in Latin America: Brazil, Argentina, and Chile. In:, TULCHIN, Joseph S.; RUTHENBERG, Meg. toward a society under law: citizens and their police in latin America. Washington: Woodrow Wilson Center Press; Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2006.

Downloads

Publicado

17-10-2017

Como Citar

WEICHERT, Marlon Alberto. Violência sistemática e perseguição social no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 106–128, 2017. DOI: 10.31060/rbsp.2017.v11.n2.861. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/861. Acesso em: 29 mar. 2024.