Como tem sido planejada a Segurança Pública no Brasil?

Análise dos Planos e Programas Nacionais de Segurança implantados pós-redemocratização

Autores

  • Marlene Inês Spaniol Brigada Militar (PM/RS)
  • Martim Cabeleira Moraes Jr Brigada Militar (PM/RS)
  • Carlos Roberto Guimarães Rodrigues Brigada Militar (PM/RS)

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2020.v14.n2.1035

Palavras-chave:

Segurança Pública, Planos Nacionais, Planejamento, Prevenção Criminal, Políticas Públicas

Resumo

: O presente artigo visa analisar as motivações e os objetivos propostos na elaboração dos Planos e Programas Nacionais de Segurança Pública lançados após o advento da Constituição Federal de 1988, que são: Os Planos de 1991, de 2000, de 2003, o Programa de 2007, mais conhecido como PRONASCI, a Reestruturação da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (a ENAFRON) em 2011, o Pacto nacional pela redução de homicídios de 2015, o Plano elaborado em 2016 e lançado em 2017, além do Plano decenal 2018-2028 recentemente lançado e aprovado pelo Conselho do SUSP. O objetivo é analisar as reformulações propostas no campo da segurança pública ao longo dos últimos 30 (trinta) anos, sendo que a análise foi feita com base nos textos formais e considerados os contextos em que cada plano esteve inserido, bem como as legislações correlatas que operacionalizaram as ações previstas nos planejamentos. O método utilizado foi o de análise documental, levantando-se hipóteses sobre os avanços e (des)continuidades na segurança pública. As principais conclusões estão alinhadas com a noção de não haver continuidade necessária na implantação de políticas de segurança pública e, em consequência, não se conseguir prevenir e reduzir a criminalidade. Também se percebe que, na quase totalidade, a população em geral não opina no processo de construção dos planos analisados. Finalmente a grande crítica é a de que os planejamentos são centralizados, sem a participação esperada na sua elaboração e em seus desdobramentos, assim como há falha no acompanhamento e avaliação das ações previstas nos planos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marlene Inês Spaniol, Brigada Militar (PM/RS)

Pós-doutoranda do PPG em Ciências Criminais da PUCRS, Doutora em Ciências Sociais do PPGCS da PUCRS, Mestre em Ciências Criminais pela PUCRS, Especialista em Segurança Pública e Cidadania pelo IFCH da UFRGS e Justiça Criminal pela PUCRS. Integrante dos Grupos de Pesquisa em Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC) e Gestão Integrada da Segurança (GESEG) da PUCRS, Capitã da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul (BM/RS), Sócia e Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e  Professora de Pós-Graduação na Uniritter. E-mail: marlenespaniol@hotmail.com.

Martim Cabeleira Moraes Jr, Brigada Militar (PM/RS)

Mestre em Sociologia pela UFRGS, integrante do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC) da PUCRS, Tenente Coronel da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul (BM/RS),  Especialista em Segurança Cidadã pelo IFCH da UFRGS e em Segurança Pública pela PUCRS. Especialista em Educação de Trânsito pela FIJO/PUCRS. Bacharel em Direito e Licenciado em Filosofia. Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Professor da Faculdade Mário Quintana (FAMAQUI) e do grupo Verbo Jurídico Educacional. E-mail: moraes51@terra.com.br.

Carlos Roberto Guimarães Rodrigues, Brigada Militar (PM/RS)

Mestre em Segurança Cidadã pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS e Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (UFRGS/IFCH/ILEA/PPGSeg), Especialista em Segurança Pública e Cidadania pelo IFCH da UFRGS, Coronel da Reserva Remunerada  da  Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul (BM/RS); Professor de Pós-Graduação da Uniritter e do grupo Verbo Jurídico Educacional. E-mail: guimacorg@gmail.com.

Referências

ALVAREZ, Marcos César; SALLA, Fernando. Estado-nação, fronteiras, margens: redesenhando os espaços fronteiriços no Brasil contemporâneo. Civitas, Porto Alegre, v. 13, n. 1, p. 9-26, jan.-abr. 2013.

AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de (Coord.). As políticas públicas de segurança no âmbito municipal: uma análise comparada das cidades de Canoas/RS e Jaboatão dos Guararapes/PE. Brasília, DF: Ministério da Justiça/SENASP, 2013. p. 283-376. (Coleção pensando a segurança pública, 3).

AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Plano Nacional de Segurança Pública – “Um suposto plano que é um arremedo de um planejamento efetivo de políticas na área de segurança”. [jan. 2017] Entrevistadora: Patrícia Fachin. São Leopoldo: Unisinos, 2017. Entrevista concedida ao Instituto Humanitas da Unisinos.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988.

BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria de Polícia Federal. Dep. de Assuntos de Segurança Pública. Plano Nacional de Segurança Pública. Brasília, DF: MJ, 1991.

BRASIL. Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997. Cria a Senasp. Brasília, DF: Presidência da República, 1997.

BRASIL. Plano Nacional de Segurança Pública de 2000. Brasília, DF: MJ, 2000.

BRASIL. Plano Nacional de Segurança Pública de 2003. Brasília, DF: MJ, 2003.

BRASIL. Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007. Institui o Pronasci. Brasília, DF: Presidência da República, 2007.

BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório Final da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública. Brasília, DF: MJ, 2009.

BRASIL. Decreto nº 7.496 de 8 de junho de 2011. Institui a Enafron. Brasília, DF: Presidência da República, 2011.

BRASIL. Lei nº 12.681, de 4 julho de 2012. Institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp). Brasília, DF: Presidência da República, 2012.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório TCU dos índices de governança em Segurança Pública, Processo: 018.922/2013-9, Acórdão 1042/2014, de 23/04/14. Brasília, DF: TCU, 2014.

BRASIL. Ministério da Justiça e Cidadania. MJ propõe pacto pela redução de homicídios. Brasília, DF: MJ, 2015.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório TCU dos índices de governança em Segurança Pública, Processo: 020.481/2016-0, Acórdão 811/2017, de 26/04/17. Brasília, DF: TCU, 2017a.

BRASIL. Plano Nacional de Segurança Pública de 2016/2017. Brasília, DF: MJSP, 2017b.

BRASIL. Portaria nº 182, de 22 de fevereiro de 2017.Institui o Plano Nacional de Segurança Pública. Diário Oficial da união, ed. 40, seção 1, p. 60, 24 fev. 2017c.

BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Brasília, DF: Presidência da República, 2018a.

BRASIL. Ministério da Segurança Pública. Plano Nacional de Segurança Pública 2018-2028. Brasília, DF: Ministério da Segurança Pública, 2015b.

BRASIL. Lei nº 13.756, de 18 de dezembro de 2018. Dispõe sobre o FNSP. Brasília, DF: Presidência da República, 2018c.

Datasus (2011); FBSP (2016); Monitor da Violência (2017). Óbitos por homicídio e mortes violentas intencionais. Brasil, 1990-2017.

FIGUEIREDO, Isabel Seixas de; NEME, Cristina; LIMA, Cristiane do Socorro Loureiro (Org.). Homicídios no Brasil: registro e fluxo de informações. Brasília, DF: MJ, 2013. (Coleção Pensando a Segurança Pública, 1).

FONSECA, Alexandre. Pacto Nacional pela redução dos homicídios [out 2015]. Entrevistadora: Luíza Gomes. In: SEMINÁRIO SAÚDE E SEGURANÇA PÚBLICA: DESAFIOS NOS TERRITÓRIOS VULNERABILIZADOS, 2015, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015.

FBSP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública nº 4. São Paulo: FBSP, 2010.

FBSP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública nº 11. São Paulo: FBSP, 2017.

FBSP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública nº 12. São Paulo: FBSP, 2018.

IPEA; FBSP. Atlas da Violência 2017. Brasília, DF: IPEA, 2017.

JUNGMANN, Raul. Conselho aprova primeiro Plano Nacional de Segurança Pública [out 2018]. Entrevistador: Alex Rodrigues. Brasília, DF: Agência Brasil, 2018.

KOPITTKE, Alberto. Plano de segurança de Temer é o ‘pior dos últimos 25 anos’ [abr 2017]. Entrevistador: Luís Eduardo Gomes. Jornal Sul21, Porto Alegre, 12 abr 2017.

LIMA, Renato Sérgio de; SOUZA, Letícia Godinho; SANTOS, Thandara. A participação social no campo da segurança pública. Desigualdade & Diversidade – Revista de Ciências Sociais da PUC-Rio, n. 11, p. 23-48, ago-dez 2012.

LIMA, Renato Sérgio de; BEATO, Cláudio; RATTON, José Luiz; SOARES, Luiz Eduardo; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Um pacto pela reforma da segurança pública. Folha de S. Paulo, 2013.

LIMA, Renato Sérgio de; PRÖGLHÖF, Patrícia Nogueira. (Re)Estruturação da Segurança Pública no Brasil. In: MINGARDI, Guaracy (Org.). Política de Segurança: os desafios de uma reforma. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013. p. 31-42.

MESQUITA NETO, Paulo de. Ensaios sobre Segurança Cidadã. São Paulo: Quartier Latin; FAPESP, 2011.

MONITOR DA VIOLÊNCIA, G1 e Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. 2018

MORAES JR, Martim Cabeleira de. Como tem sido planejada a segurança pública no Brasil. In:SPANIOL, Marlene Inês (Org.). Questões Sociais e Jurídicas da Atividade Policial. Porto Alegre: Spazio Itália, 2016. v. 2. p. 34-57.

MORAES JR, Martim C.; SPANIOL, Marlene I.; GUIMARÃES RODRIGUES, Carlos R. Como tem sido Planejada a Segurança Pública no Brasil? Análise dos Planos e Programas Nacionais de Segurança pós-redemocratização e dos seus impactos na prevenção ao crime e à violência. In: CONGRESSO DA SBS, 18., 2017, Brasília. Anais... Brasília: SBS, 2017.

PERES, Maria Fernanda Tourinho; SANTOS, Patrícia Carla dos. Mortalidade por homicídios no Brasil na década de 90: o papel das armas de fogo. Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 1, p. 58-66, 2005.

PERES, Úrsula Dias; BUENO, Samira. Pacto Federativo e financiamento da segurança pública no Brasil. In: MINGARDI, Guaracy (Org.). Política de Segurança: os desafios de uma reforma. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013. p. 125-144.

RUEDIGER, Marco Aurélio. Processo político e implantação de programas complexos no sistema federalista: o caso do Pronasci. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; BRITTO, Ângela (Orgs). Segurança e cidadania: Memórias do Pronasci. Rio de Janeiro: FGV, 2010. Posfácio.

SOARES, Luiz Eduardo. A Política Nacional de Segurança Pública: histórico, dilemas e perspectivas. Revista de Estudos Avançados, v. 21, n. 61, p. 77-97, 2007.

SOUZA Robson Sávio Reis. Quem comanda a segurança pública no Brasil: Atores, crenças e coalizões que dominam a política nacional de segurança pública. Belo Horizonte: Letramento, 2015.

SPANIOL, Marlene Inês. (Re)estruturação das ações de segurança pública, prevenção, repressão e controle, através da ENAFRON, ante as principais incidências criminais na fronteira Brasil-Uruguai. In: MALLMANN, Maria Izabel; MARQUES, Teresa Cristina Schneider (Org.). Fronteiras e Relações Brasil-Uruguai. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015. p. 183-198.

SPANIOL, Marlene Inês. Políticas Municipais de Prevenção à Violência no Brasil: Desafios e experiências no campo da segurança pública. Porto Alegre

Downloads

Publicado

30-09-2020

Como Citar

SPANIOL, Marlene Inês; MORAES JR, Martim Cabeleira; GUIMARÃES RODRIGUES, Carlos Roberto. Como tem sido planejada a Segurança Pública no Brasil? Análise dos Planos e Programas Nacionais de Segurança implantados pós-redemocratização. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 100–127, 2020. DOI: 10.31060/rbsp.2020.v14.n2.1035. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/1035. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Segurança e Justiça Criminal