A violência armada e seus impactos sobre a população civil:

um fardo necessário?

Autores

  • Eduarda Hamann-Nielebock
  • Ilona Szabó de Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2008.v2.n1.29

Palavras-chave:

Violência armada, Novas formas de violência, Efeito colateral, Impacto sobre a população civil.

Resumo

O artigo aborda dois tipos de violência contemporânea: os “conflitos armados” e a “violência armada”. Nas últimasdécadas, as idéias relacionadas aos conflitos armados foram readaptadas à medida que a percepção sobre ascaracterísticas e a natureza desses conflitos passava por transformações substanciais. Os efeitos colaterais de tais conflitossobre as pessoas que não estão diretamente envolvidas constituem um dos fatores que levaram à institucionalizaçãodo Direito Internacional Humanitário e à consolidação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Quando se verificaque muitas das causas e conseqüências dos conflitos armados também são encontradas em países com violênciaarmada – a exemplo do Brasil, África do Sul e Jamaica –, percebe-se a possibilidade de se traçar um paralelo entreambas as formas de violência contemporânea. Além disso, a maioria das mortes por arma de fogo não ocorre emsituações tradicionalmente definidas por conflitos armados: as mortes anuais relacionadas a conflitos armados chegama 30.000, segundo estimativas da Universidade de Uppsala, enquanto as mortes violentas não relacionadas a conflitosarmados estariam entre 200.000 e 270.000, de acordo com a Small Arms Survey. Tais números desafiam as categoriasconvencionais sobre conflitos armados e Direito Internacional Humanitário, levando à necessidade de se aprofundar aanálise da violência contemporânea e de se promover a regulamentação da violência armada, a fim de controlar osefeitos colaterais e reduzir o fardo que é imposto à população civil de maneira desnecessária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduarda Hamann-Nielebock

Eduarda Hamann-Nielebock é advogada, doutora em Relações Internacionais (IRI/PUC-Rio), com especialização em segurançainternacional. Professora da PUC-Rio, pesquisadora do Viva Rio e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ. Tesede doutorado sobre prevenção de conflitos violentos no Kosovo e na Macedônia nos anos 1990.

Ilona Szabó de Carvalho

Ilona Szabó de Carvalho é bacharel em Relações Internacionais, pós-graduada em Estudos de Desenvolvimento Internacionalpela Universidade de Oslo (Noruega) e mestre em Estudos de Conflito e Paz pela Universidade de Uppsala (Suécia); émembro do Secretariado da Comissão Latino-americana sobre Drogas e Democracia; foi coordenadora do Programa deSegurança Humana do Viva Rio; coordenou a campanha de entrega voluntária de armas, na mesma instituição.

Referências

CCPDC – Carnegie Commission on Preventing Deadly Conflict. Preventing deadly conflict– Final Report. New York: Carnegie Corporation of New York, 1997.

DOWDNEY, Luke. Crianças do tráfico – um estudo de caso de crianças em violência armada organizada no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 7 letras, 2003.

DOWDNEY, Luke. Nem guerra nem paz. Rio de Janeiro:7 letras, 2005.

DUARTE, Mário Sérgio de Brito; SILVA, Robson Rodrigues da; OLIVEIRA, João Batista Porto de; SILVA, Leonardo de Carvalho (Orgs.). Bala perdida. Rio de Janeiro: ISP, 2007.

GURR, Ted Robert. Peoples versus states: minorities at risk in the new century. Washington, D.C.: United States Institute of Peace Press, 2000.

HOLSTI, Kalevi. The state, war, and the State of War. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

HUMAN SECURITY AND CITIES PROJECT. Human security for an urban century: local challenges, global perspectives, 2007.

ICISS – International Commission on Intervention and State Sovereignty. (2001), Responsibility to protect– Research, bibliography, background.Canadá:Department of Foreign Affairs and International Trade, 2001.

INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Resumo parcial do Estado do Rio de Janeiro – dezembro de 2007. Número referente ao título Auto de Resistência, acumulado de janeiro a dezembro de 2007.

KALDOR, Mary. New and old wars. Organized violence in a global era. Stanford: Stanford University Press, 1999.

LUND, Michael S. Operationalizing the lessons from recent experience in field level conflict prevention strategies. In: WIMMER, A. (ed.). Facing ethnic conflicts: toward a new realism. Lanham, MD, Rowman & Littlefield, 2004, p. 120-140.

MIALL, Hugh; RAMSBOTHAM, Oliver; WOODHOUSE, Tom Contemporary conflict resolution: the prevention, management and transformation of deadly conflicts. Cambridge [etc.], Polity, 2005.

O’BRIEN, Joseph V. World war II: combatants and casualties (1937-45). John Department of History. Jay College of Criminal Justice. 2007.

OECD-DAC. Guidance on armed violence reduction and development. Paris: OECD-DAC, no prelo.

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Human development report. 2002.

RAPLEY, John. The new middle ages. Foreign Affairs, v. 85, n. 3, p. 95-103, 2006.

SCHERRER, Christian P. Structural prevention of ethnic violence. Houndmills Palgrave Macmillan, 2002.

SMALL ARMS SURVEY. Rights at risk. 2004.

UNDP-WHO. Support for the development of a framework to address the impacts of armed violence on human security and development. Programme Document, PHASE I. The global armed violence prevention program, 2005.

UNIVERSIDADE DE UPPSALA. Uppsala conflict data program.

WALLENSTEEN, Peter; SOLLENBERG, Margareta. Armed conflict, 1989-2000. Journal of Peace Research, vol. 38, n. 5, 2001.

Downloads

Publicado

20-09-2012

Como Citar

HAMANN-NIELEBOCK, Eduarda; DE CARVALHO, Ilona Szabó. A violência armada e seus impactos sobre a população civil:: um fardo necessário?. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 104–118, 2012. DOI: 10.31060/rbsp.2008.v2.n1.29. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/29. Acesso em: 26 abr. 2024.