Da “metáfora da guerra” ao projeto de “pacificação”: favelas e políticas de segurança pública no Rio de Janeiro

Autores

  • Márcia Pereira Leite

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2012.v6.n2.126

Palavras-chave:

Favela, Segurança Pública, Guerra, UPP, Pacificação, Violência, Políticas Públicas, Gestão Estatal

Resumo

Este artigo examina a construção social das favelas como o território da violência na cidade do Rio de Janeiro em doiscontextos, enfocando, sobretudo, as políticas de segurança pública praticadas nessas localidades. O primeiro, dos anos 1990até quase o final da década de 2000, caracteriza-se pela promoção, por parte do Estado, de uma “guerra” aos traficantesde drogas ali sediados. O segundo abre-se em 2008, com a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs emfavelas com o objetivo de retomar o controle armado desses territórios e “civilizar” seus moradores como condição paraa integração desses territórios à cidade. O artigo discute os dispositivos que promovem e sustentam, em cada contextoconsiderado, a vinculação das favelas à violência e à marginalidade, justificando formas específicas de gestão estatal dessesterritórios e de suas populações, bem como delimitando as possibilidades de acesso de seus moradores aos equipamentosurbanos e serviços públicos (inclusive à segurança).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Márcia Pereira Leite

Márcia Pereira Leite é socióloga, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professora associada do Programade Pós-Graduação em Ciências Sociais e do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) epesquisadora do CNPq. Tem desenvolvido pesquisas sobre os temas violência, sociabilidade e ação coletiva em favelas, segregação,políticas públicas e movimentos sociais no Rio de Janeiro, especialmente no âmbito do Coletivo de Estudos sobre Sociabilidade eViolência Urbana (Cevis); diretório de grupos de pesquisa CNPq.

Referências

ABRAMOVAY, M.; GARCIA CASTRO, M. (Coords.). Juventudes em comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs):perfil, expectativas e projetos para suas comunidades. Relatório de pesquisa. BID, SEASDH/RJ e FLACSO, 2011. Mimeografado.

BIRMAN, P. Favela é comunidade? In: MACHADO DA SILVA, L. A. (Org.). Vidas sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

BIRMAN, P.; SOUTY, J. Des espaces autres? «Hétérotopies» urbaines contemporaines,2011. Mimeografado.

BIRMAN, P.; LEITE, M. P. (Orgs.). Um mural para a dor: movimentos cívico religiosos por justiça e paz. Porto Alegre: UFRGS, 2004.

BRODEUR, J.P. Por uma sociologia da força pública: considerações sobre a força policial e militar. Cadernos CRH, v. XVII, n.42, 2004.

BURGOS, M. Dos parques proletários ao Favela Bairro. In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de favela. Rio de Janeiro: FGV, 1998.

CANO, I. Letalidade policial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Iser, 1997.

CANO, I. Execuções sumárias no Brasil: o uso da força pelos agentes do Estado. Execuções sumárias no Brasil: 1997-2003. Rio de Janeiro: Justiça Global, 2003.

DAS, V.; POOLE, D. (Eds.). Anthropology in the margins of the state. Oxford, School of American Research Press /James Currey, 2004.

FARIAS, J. Da política das “margens”: reflexões sobre a luta contra a violência policial em favelas. In: BOUVIN, M.; HEREDIA, B.; ROSATO, A. Política, instituciones y gobierno: abordajes y perspectivas antropológicas sobre hacer política. Buenos Aires: Antropofagia, 2009.

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Difel., 1979

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1976.

FOUCAULT, M. De outros espaços.Conferência proferida o Cercle d’Études Architecturales Tradução de Pedro Moura. 1967.

INSTITUTO SANGARI. Mapa da violência 2011. Brasília: Ministério da Justiça, 2012.

LEANDRO, S. A. da S. O que matar (não) quer dizer nas práticas e discursos da justiça criminal: o tratamento judiciário dos “homicídios por auto de resistência” no Rio de Janeiro.Dissertação (Mestrado em Direito). Rio de Janeiro: PPGD/UFRJ, 2012

LEEDS, A.; LEEDS, E. A sociologia do Brasil urbano.Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

LEITE, M. P. UPPs: uma unanimidade? O Fluminense – suplemento: revista O Fluminense, p. 10-11, 2011.

LEITE, M. P. Violência, risco e sociabilidade nas margens da cidade: percepções e formas de ação de moradores de favelas cariocas. In: MACHADO DA SILVA, L. A. (Org.). Vidas sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

LEITE, M. P. Para além da metáfora da guerra. Percepções sobre cidadania, violência e paz no Grajaú, um bairro carioca. Tese (Doutorado em Sociologia). Rio de Janeiro: PPGSA/IFCS/UFRJ, 2001.

LEITE, M. P. Entre o individualismo e a solidariedade: dilemas da cidadania e da política no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 15, n. 44, 2000.

MACHADO DA SILVA, L. A. Os avanços, limites e perigos das UPPs. O Globo, suplemento Prosa e Verso, p. 3, 2010.

MACHADO DA SILVA, L. A. A política na favela. Cadernos Brasileiros, v. IX, n. 41, 1967.

MACHADO DA SILVA, L. A. (Org.). Vida sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

MACHADO DA SILVA, L. A.; LEITE; M. P.; FRIDMAN, L. C. Matar, morrer, civilizar: o problema da segurança pública. In: IBASE; ACTIONAID; FORD FOUNDATION (Orgs.). Mapas:monitoramentoativo da participação da sociedade. Rio de Janeiro: Ibase, 2005.

MISSE, M. Sobre a construção social do crime no Brasil. Esboços de uma interpretação. In: MISSE, M. (Org.). Acusados e acusadores. Rio de Janeiro: Revan, 2008.

NOIRIEL, G. (Ed.). L’identification. Génèse d’un travail d’État. Paris: Belin, 2007.

RAMOS, S.; LEMGRUBER, J. Criminalidade e respostas brasileiras à violência. In:OBSERVATÓRIO DA CIDADANIA (Org.).Medos e privações– obstáculos à segurança humana.Rio de Janeiro: Ibase, 2004.

SOARES, L. E. et al. Violência e política no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Iser, 1996.

TELLES, V. As cidades nas fronteiras do legal e do ilegal. Belo Horizonte: Argumentum, 2010.

VALLADARES, L. do P. A invenção da favela.Rio de Janeiro: FGV, 2005.

VENTURA, Z. Cidade partida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

VERANI, F. Assassinatos em nome da lei.Rio de Janeiro: Aldeberã, 1996.

ZALUAR, A. A máquina e a revolta: as organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 1985.

Downloads

Publicado

01-09-2012

Como Citar

PEREIRA LEITE, Márcia. Da “metáfora da guerra” ao projeto de “pacificação”: favelas e políticas de segurança pública no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 374–388, 2012. DOI: 10.31060/rbsp.2012.v6.n2.126. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/126. Acesso em: 22 dez. 2024.