O sentimento de insegurança e a armadilha da segurança privada: reflexões antropológicas a partir de um caso no Rio Grande do Sul

Autores

  • Priscila Farfan Barroso

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2017.v11.n2.863

Palavras-chave:

Segurança pública. Violência. Empresa privada. Medo. Cidadania.

Resumo

O presente trabalho reflete sobre os acionamentos da defesa de uma empresa de segurança privada, investigada pelo Ministério Público do Estado por supostas irregularidades e atuação de poder abusivo por parte dos envolvidos. Esses acionamentos são ponderados com base em relatos de moradores de um município do Rio Grande do Sul, feitos nas redes sociais, que, a partir da evidência do sentimento de insegurança, apostam na permanência dessa empresa como uma possibilidade para segurança. Com isso, analisam-se os argumentos de “falta” de segurança pública nas cidades e o temor da violência urbana, compartilhados pelos moradores, como justificativas de possibilidade de contratação da empresa. Entretanto, após sua “queda”, a disputa entre esses argumentos revela o pano de fundo para a reflexão sobre segurança pública. Violência urbana, medo e aval dos órgãos públicos são atributos que possibilitam a instalação – ou não – da segurança privada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Priscila Farfan Barroso

Doutoranda e mestra em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Graduada em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS.

Referências

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. lei nº 12.850, de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2013.

CALDEIRA, T. P. Direitos humanos ou “privilégio de bandidos”? desventuras da democratização brasileira. novos estudos, n. 30, p. 162-174, 1991.

CALDEIRA, T. P. Cidade de muros:Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo: 34/Edusp, 2000.

DAS, V. Los significados de la seguridad en el contexto de la vida cotidiana. In: ORTEGA, F. A. (ed.). veena das: sujetos del dolor, agentes de dignidad. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia/Facultad de Ciencias Humanas, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2008.

ECKERT, C. A cultura do medo e as tensões do viver na cidade: narrativa e trajetória de velhos moradores de Porto Alegre. Iluminuras, v. 3, n. 6, 2000.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991.

MARTINS, José de Souza. linchamentos: justiça popular no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.

MINAYO, M. C. S. Conceitos, teorias e tipologias de violência: a violência faz mal à saúde. In: NJAINE, Kathie; ASSIS, Simone Gonçalves de; CONSTANTINO, Patrícia. (Org.). Impactos da violência na Saúde. 2.ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, v. 1, p. 21-42, 2013

MUNIZ, J. O.; PROENCA JR., D. Muita politicagem, pouca política os problemas da polícia são. estud. av., v. 21, n. 61, p. 159-172, dez. 2007.

OCQUETEAU, F. A expansão da segurança privada na França: privatização submissa da ação policial ou melhor gestão da segurança coletiva? tempo soc., v. 9, n. 1, p. 185-195, 1997.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Justiça e Segurança. Portaria 71/2000. Porto Alegre, RS, 2000.

ROCHÉ, Sebastian. le Sentiment d’insécurité. Paris: Presses Universitaires de France, 1993.SEGATA, J. A Etnografia como Promessa e o Efeito Latour no campo da Cibercultura. Ilha: Revista de Antropologia, v. 16, n. 2, p. 69-87, 2014.

ZALUAR, A.; CONCEIÇÃO, I. S. Favelas sob o controle das milícias no Rio de Janeiro. São Paulo Perspec., v. 21, n. 2, p. 89-101, 2007.

Downloads

Publicado

17-10-2017

Como Citar

BARROSO, Priscila Farfan. O sentimento de insegurança e a armadilha da segurança privada: reflexões antropológicas a partir de um caso no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 148–163, 2017. DOI: 10.31060/rbsp.2017.v11.n2.863. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/863. Acesso em: 24 dez. 2024.