O Conselho Penitenciário paulista e os direitos humanos: potencial e limites nos controles democráticos

Authors

  • Otávio Dias de Souza Ferreira

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2017.v11.n2.862

Keywords:

Direitos humanos. Instituições democráticas. Controles democráticos. Prisões. Conselho Penitenciário.

Abstract

O Conselho Penitenciário de São Paulo (CP/SP) é um colegiado pertencente à estrutura da Secretaria de Administração Penitenciária estadual. O CP/SP foi fundado do início do século XX, mas passou por uma reformulação no início da redemocratização do país. Tem uma composição plural que permite certas aberturas democráticas no aparato do Estado. Conta com um perfil técnico de conselheiros e uma estrutura consolidada com um grau razoável de institucionalização. O trabalho investiga o funcionamento do órgão no pós-redemocratização em relação aos controles democráticos e aos direitos humanos de pessoas presas. Identificaram-se limitações quanto ao desenho institucional e à falta de autonomia do órgão em relação à instituição sobre a qual os controles deveriam ser exercidos. Constata-se a priorização de certas atribuições em detrimento da competência de controles democráticos e da prerrogativa de realização de inspeções e visitas às unidades prisionais. A maior virtude do órgão para a rede de accountability é a de constituir um espaço com potencial de trocas mútuas de informação entre os seus membros.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Otávio Dias de Souza Ferreira

Doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo - USP. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Graduado em Administração e em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro do Núcleo Direito e Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - CEBRAP.

References

ADORNO, Sérgio.Insegurança versus direitos humanos: entre a lei e a ordem. Tempo social – Revista de Sociologia da Universidade de São Paulo, vol. 11, n. 2, p. 129-153, out. 1999.

ALMEIDA, Carla; TATAGIBA, Luciana. Os conselhos gestores sob o crivo da política: balanços e perspectivas. Serviço Social & Sociedade, n. 109, p. 68-92, jan.-mar. 2012.

BIONDI, Karina. Junto e misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Terceiro Nome, 2010.

BRASIL. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Ouvidoria. marcos do 1º encontro Nacional de Conselhos estaduais Penitenciários. Brasília: Ministério da Justiça, ago. 2013.

BRASIL. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Plano Diretor do Sistema Penitenciário: Diagnóstico, ações e resultados. Brasília: Depen/MJ. Brasília: Ministério da Justiça, ago. 2014.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Direitos humanos ou ‘privilégios de bandidos’? Desventuras da democratização brasileira. Novos estudos – Cebrap, n. 30, p. 162-174, jul. 1991.

CAMPOS, Marcelo da Silveira. Crime e Congresso Nacional: uma análise da política criminal aprovada de 1989 a 2006. São Paulo: IBCCRIM, 2010.

CARDIA, Nancy. Direitos humanos: ausência de cidadania e exclusão moral. São Paulo: Comissão de Justiça e Paz, 1995.

CUNHA, Eleonora Schettini Martins; ALMEIDA, Débora C. Rezende de; FARIA, Cláudia Feres; RIBEIRO, Uriella Coelho. Uma estratégia multidimensional de avaliação dos conselhos de políticas: dinâmica deliberativa, desenho institucional e fatores exógenos. In: PIRES, Roberto Rocha C. (Org.). efetividade das instituições participativas no Brasil:estratégias de avaliação. Brasília: Ipea, 2011, p. 297-322.

D’URSO, Umberto Luiz Borges. O Conselho Penitenciário e suas atribuições.Jus Navigandi, São Paulo, out. 2002.

DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, espaços públicos e a construção democrática no Brasil: limites e possibilidades. In: DAGNINO, Evelina (Org.) Sociedade Civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002, p. 279-302.

DIAS, Camila Caldeira Nunes. PCC: hegemonia nas prisões e monopólio da violência. São Paulo: Saraiva, 2013.

ELSTER, John. Régimen de mayorias y derechos individuales. In: SHUTE, Stephen; HURLEY, Susan (Eds.). De los derechos humanos. Madri: Trotta, 1998.

EVANS, Peter. autonomia e parceria: Estados e transformação industrial. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.

FERREIRA, Otávio Dias de Souza. agências da administração Penitenciária de São Paulo com potencial de accountability em direitos humanos no pós-redemocratização. 2014. 259f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais).Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2014.

FISCHER, Rosa Maria; ABREU, Sérgio França Adorno de. Políticas penitenciárias, um fracasso? lua Nova – Revista de Cultura e Política, v. 3, p. 70-86, 1987.

FOUCAULT, Michel. arqueologia do Saber. Tradução Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FOUCAULT, Michel. microfísica do poder. Tradução Roberto Machado. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GARLAND, David. a cultura do controle: crime e ordem social na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Revan, 2008.

GOES, Eda Maria. a recusa das grades: rebeliões nos presídios paulistas: 1982-1986. São Paulo: IBCCRIM, 2009.

HAMILTON, Alexander. JAY, John, MADISON, James. O FeDeRalISTa: Hamilton, Madison e Jay. Tradução Hiltomar Martins Oliveira. Belo Horizonte: Líder, 2003.

HOLSTON, James. Dangerous spaces of citizenship: gang talk, rights talk and rule of law in Brazill. In: HOLSTON, James. Insurgent Citizenship: disjunctions of democracy and modernity in Brazil. Princeton: Princeton University Press, 2008.

HORKHEIMER, Max. eclipse da razão. Tradução Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Centauro, 2002.

ISUNZA VERA, Ernesto; LAVALLE, Adrian Gurza. Desvelando cauces recurrentes. Los controles democráticos no electorales como prácticas de resignificación en la construcción democrática. In: ISUNZA VERA, Ernesto (Org.). Controles democráticos no electorales y régimen de rendición de cuentas. En búsqueda de respuestas comparativas: México, Colombia, Brasil, China y Sudáfrica. México: Ciesas, 2014.

LAVALLE, Adrian Gurza; ISUNZA VERA, Ernesto. A trama da crítica democrática: da participação à representação e à accountability. lua Nova – Revista de Cultura e Política, v. 84, p.95-140, 2011.

LAVALLE, Adrian Gurza; ISUNZA VERA, Ernesto.Arquitetura da participação e controles democráticos no Brasil e no México. Tradução José Szwako e Liliana Sanjuro. Novos estudos – Cebrap, n. 92, p. 105-121, 2012.

MARQUES, Adalton. ‘Liderança’, ‘proceder’ e ‘igualdade’: uma etnografia das relações políticas no Primeiro Comando da Capital. etnográfica, v. 14, n. 2, p. 311-335, jun. 2010.

SALLA, Fernando. as prisões de São Paulo: 1822-1940. 2. ed. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006.

SALLA, Fernando; DIAS, Camila Caldeira Nunes. Controle disciplinar e relações de poder nas prisões em São Paulo.In Encontro Anual da Anpocs, 35º, 2011, Caxambu. anais do 35º encontro anual da anpocs. Caxambu: Anpocs, 2011, volume único. SÃO PAULO. museu Penitenciário Paulista. São Paulo: SAP, 12 dez. 2012.

TATAGIBA, Luciana. Os conselhos gestores e a democratização de políticas públicas no Brasil. In: DAGNINO, Evelina (Org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002, p. 47-104.

TEIXEIRA, Alessandra. Do sujeito de direito ao estado de exceção: o percurso contemporâneo do sistema penitenciário brasileiro. 2006. 182f. Dissertação (Mestrado em Sociologia)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

TEIXEIRA, Alessandra. Prisões de exceção: política penal e penitenciária no Brasil Contemporâneo. Curitiba: Juruá, 2009.

Published

2017-10-17

How to Cite

FERREIRA, Otávio Dias de Souza. O Conselho Penitenciário paulista e os direitos humanos: potencial e limites nos controles democráticos. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 130–146, 2017. DOI: 10.31060/rbsp.2017.v11.n2.862. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/862. Acesso em: 23 nov. 2024.