A análise de redes sociais para o estudo de gangues: uma abordagem a partir da teoria de grafos

Autores

  • Antonio Hot Pereira de Faria Polícia Militar de Minas Gerais
  • Diego Filipe Cordeiro Alves Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas)
  • Alexandre Magno Alves Diniz Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas)

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2018.v12.n2.943

Palavras-chave:

Gangue, Análise de Redes Sociais, Grafo.

Resumo

O artigo aborda a conformação de uma gangue oriunda de um aglomerado subnormal de Belo Horizonte e que atua na capital e outros municípios mineiros. Utilizou-se como base teorias sobre a análise de redes sociais e grafos. O instrumental da pesquisa contou com análise documental de boletins de ocorrência policial dos eventos perpetrados pelos agentes envolvidos na formação da gangue no período de 2006 a 2014. Foi utilizado NodeXL como recurso para  análise de redes. Identificaram-se as conexões criminais por meio da atuação conjunta de autores de delito num mesmo evento. Descreveu-se como se dá a estruturação e desenrolar de vínculos (estrutura topológica) entre indivíduos em uma rede configurada pela gangue estudada. Os resultados de medidas de centralidade (grau, centralidade de proximidade, centralidade de intermediação, centralidade de autovetor) e métricas (distância geodésica, diâmetro, densidade e modularidade) permitiram identificar que a gangue representa uma rede social coesa, em que é possível por meio da metodologia proposta identificar os principais elementos em termos de importância para os vínculos criminais na gangue.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antonio Hot Pereira de Faria, Polícia Militar de Minas Gerais

Doutor em Geografia - Tratamento da Informação Espacial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Mestre em Administração pela Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (2012), possui graduação em Ciências Militares pela Academia de Polícia Militar de Minas Gerais (2007) e graduação em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009). Oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Tem experiência na área de Administração Pública, com ênfase em Segurança Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: geoprocessamento, controle de distúrbios civis, planejamento de emprego operacional, gestão de operações policiais, policiamento de eventos, doutrina policial, gestão do conhecimento e educação profissional de segurança pública.

Diego Filipe Cordeiro Alves, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas)

Possui graduação em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008), especialização em Geoprocessamento pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010) e Mestrado em Geografia - Tratamento da Informação Espacial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2016). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Análise Espacial, Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e Geografia Urbana.

Alexandre Magno Alves Diniz, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas)

Possui Graduação em Publicidade e Propaganda pela PUCMinas (1990), Mestrado em Geografia - Kansas State University (EUA) (1994), Doutorado em Geografia - Arizona State University (EUA) (2002) e Pós-Doutorado em Geografia - McGill University (Canadá) (2009). Pesquisador Visitante Curtin University (Perth-Austrália) (2018) e Université Lille (França) (2018). Atualmente é professor adjunto IV do Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUCMinas. Tem experiência na área de Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: Geografia do Crime e da Violência, Geografia Urbana e Geografia Regional. Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUCMinas entre 2009 e 2016. Pesquisador Mineiro - FAPEMIG. Membro da comissão de avaliação da Geografia na CAPES no quadriênio 2013-2016. Coordenou junto com Jupira Mendonça o núcleo RMBH do Observatório das Metrópoles entre 2015 e 2017.

Referências

ABRAMOVAY, Miriam. Gangues, galeras, chegados e rappers: juventude, violência e cidadania nas cidades da periferia de Brasília. Editora Garamond, 1999.

AMORIM, Carlos. CV-PCC: a irmandade do crime. Editora Record, 2003.ASHBURY, Herbert. Gangs of New York: an Informal History of the Underworld. 1927.

BAKER, W. E.; FAULKNER, R. R. The Social Organization of Conspiracy: Illegal Networks in the Heavy Electrical Equipment Industry. American Sociological Review, 58:837-860, 1993.

BAKER, W; FALUKNER, R. Social Networks and loss of capital. Oxford. Nova Iorque. Oxford University Press. 2004.

BAKKER, R.; RAAB, J.; MILWARD, H.B. A preliminary theory of dark network resilience. Journal of Policy Analysis and Management, 31:33-62, 2012.

BARCELLOS, Caco. Abusado: o dono do morro Dona Marta. Editora Record, 2003.

BAVELAS, A. (1950) Communication patterns in task oriented groups. Journal of the Acoustical Society of America, v. 22, pp. 725-730.

BEATO, Cláudio Chaves et al. Conglomerados de homicídios e o tráfico de drogas em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, de 1995 a 1999. Cadernos de Saúde Pública, v. 17, p. 1163-1171, 2001.

BEATO, Cláudio; ZILLI, Luís Felipe. A estruturação de atividades criminosas. Um estudo de caso. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27, n. 80, 2012.

BELIZARIO, Ivar Vargas. Avaliação de algoritmos de agrupamento em grafos para segmentação de imagens. 2012. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo.

BERGIANTE, N. C. R. et al. Aplicação de uma proposta de medida de centralidade para avaliação de malha aérea de uma empresa do setor de transporte aéreo brasileiro. Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4, pp. 119-135, 2011.

BONACHIC, P. (1987) Power and Centrality: A Family of Measures. The American Journal of Sociology, v. 92, n. 5, p. 1170-1182.

BORDIN, Andréa S.; GONÇALVES, Alexandre L.; TODESCO, José Leomar. Análise da colaboração científica departamental através de redes de coautoria. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 19, n. 2, p. 37-52, 2014.

CLAUSET, Aaron; NEWMAN, Mark E. J.; MOORE, Cristopher. Finding community structure in very large networks. In: Physical review E, v. 70, n. 6, 2004.

COMET, C. Anatomy of a Fraud: Trust and Social Networks. Bulletin de Méthodologie Sociologique, 110:45-57, 2011.

ERICKSON, B. Secret Societies and Social Structure. Social Forces. 60. p. 188-210, 1981

FREEMAN, L C. Centrality in Social Networks: Conceptual Clarification. In: Social Networks 1, 215–239,1979

FREITAS, M. C.; PEREIRA, H. B. de B. Contribuição da análise de redes sociais para o estudo sobre os fluxos de informações e conhecimento. Encontro Nacional de Ciência da Informação, Salvador, nov. 2005

HANNEMAN, Robert A. Introduction to social network methods. 2001.

HIGGINS, Silvio Salej; RIBEIRO, Antonio Carlos Andrade. Análise de redes em Ciências Sociais. 2018.

JENNINGS, H. Leadership and isolation: A study of personality in interpersonal relations. Nova Iorque. Longmans, Green and Company, 1943.

KREBS, V. Mapping Networks of Terrorist Cells. Connecions, 24:43, 52, 2001.

LAZEGA, Emmanuel; HIGGINS, Silvio Salej. Redes sociais e estruturas relacionais. 2014.

LEEDS, Elizabeth. Cocaína e poderes paralelos na periferia urbana brasileira. Um século de favela. FGV ed., Rio de Janeiro, 1998.

MALM, A. et al. Pushing the Ponzi: The rise and fall of a network fraud. In: MORSELLI, C. (ed), Crime and Networks. NY: Routledge, 2013.

MARQUES, Eduardo Cesar. Estado e redes sociais: permeabilidade e coesão nas políticas urbanas no Rio de Janeiro. Editora Revan, 2000.

MILWARD, H.B.; RAAB, J. Dark Networks as organizational problems: elements of a theory. International Public Management Journal, 9, p.333-360, 2006.

MISSE, Michel. As ligações perigosas: mercado informal ilegal, narcotráfico e violência no Rio. Contemporaneidade e educação, v. 1, n. 2, p. 93-116, 1997.

MISSE, Michel. Sobre a acumulação social da violência no Rio de Janeiro. Civitas Revista de Ciências Sociais, v. 8, n. 3, 2008.

MOBERG, F; FOLKE, C. Ecological goods and services of coral reef ecosystems. Ecological Economics, 29, p.215-233. 1999.

MORENO, Jacob Levy; WHITIN, Ernest Stagg; JENNINGS, Helen Hall. Application of the group method to classification. National committee on prisons and prison labor, 1932.

MORSELLI, C. Inside Criminal Networks. New York: Springer, 2009.

PAES MANSO, Bruno. O homem x: uma reportagem sobre a alma do assassino em São Paulo. Editora Record, 2005.

PARREIRAS, Fernando Silva et al . RedeCI: colaboração e produção científica em ciência da informação no Brasil. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 11, n. 3, p. 302-317, Dec. 2006 .

RAAB, J.; MILWARD, H.B. Dark networks as problems. Journal of Public Administration Research and Theory. 13, p. 413-440, 2003.

RUHNAU, Britta. Eigenvector centrality—a node centrality?. Social networks, v. 22, n. 4, p. 357-365, 2000.

SÁNCHEZ JANKOWSKI, Martín. As gangues e a estrutura da sociedade norte americana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 12, n. 34, pp. 25-37, 1997.

SANCHEZ JANKOWSKI, Martin. Islands in the street: Gangs and American urban society. Univ of California Press, 1991.

SPARROW, M.K. The application of network analysis to criminal intelligence: An assessment of the prospects. In: Social Networks, 13, p. 251-274, 1991.

SUGIYAMA, Kozo. A cognitive approach for graph drawing. In: Cybernetics and Systems. 18(6): 447-488. 1987.

THRASHER, Frederic Milton; SHORT, James Franklin. The Gang. A Study of 1,313 Gangs in Chicago... Abridged and with a New Introduction by James F. Short.[With Illustrations.]. University of Chicago Press, 1963.

TOMAÉL, Maria Inês; MARTELETO, Regina Maria. REDES SOCIAIS: posições dos atores no fluxo da informação. R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n. esp., 1º sem. 2006.

ZORBAUGH, Harvey Warren. The gold coast and the slum. V. 227. Chicago: University of Chicago Press, 1929.

Downloads

Publicado

01-03-2019

Como Citar

FARIA, Antonio Hot Pereira de; ALVES, Diego Filipe Cordeiro; DINIZ, Alexandre Magno Alves. A análise de redes sociais para o estudo de gangues: uma abordagem a partir da teoria de grafos. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 12, n. 2, p. 112–132, 2019. DOI: 10.31060/rbsp.2018.v12.n2.943. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/943. Acesso em: 29 nov. 2024.