FACES DO JUVENICÍDIO
Análise dos dados de mortalidade juvenil em Porto Alegre/RS
DOI:
https://doi.org/10.31060/rbsp.2025.v19.n1.1973Palavras-chave:
Juvenicídio, Juventude, Violência Estrutural, Território, Proteção SocialResumo
O presente artigo analisa a dinâmica dos homicídios de jovens em Porto Alegre/RS, considerando o contexto histórico brasileiro e as múltiplas determinações do juvenicídio – fenômeno que é associado à violência estrutural, acarretando a interrupção de projetos de vidas devido aos homicídios de jovens. Por meio da análise documental dos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) sobre a cidade de Porto Alegre, observa-se a relação entre mortalidade juvenil e desigualdade social, materializada na análise do território da cidade, bem como suas mediações com a criminalização da pobreza, tendo o racismo estrutural como pilar central do juvenicídio. As vidas descartadas pela violência letal são, em sua maioria, de jovens do sexo masculino, negros e moradores de territórios com precários acessos às políticas públicas. Aponta-se para a necessidade de políticas públicas de proteção social para as juventudes, materializando os princípios legais no que se refere aos direitos juvenis.
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