Violência de gênero e a lei 11.340/2006
olhares sobre a violência contra as mulheres em audiências de retratação
DOI:
https://doi.org/10.31060/rbsp.2021.v15.n2.1251Palavras-chave:
Violência de gênero, Violência contra as mulheres, Lei 11.340/2006Resumo
O texto busca analisar como as violências contra as mulheres se configuram nas audiências de retratação, prevista no artigo 16 da Lei 11.340/2006. A investigação articulou pesquisas bibliográfica, documental e de campo, pelo acompanhamento de audiências de retratação, envolvendo crimes de violência doméstica e familiar contra as mulheres, na comarca de Criciúma/SC, bem como pela aplicação de questionários. A pesquisa evidenciou que a maioria das mulheres que responderam aos questionários tinham relações afetivas de intimidade e de longa duração com o acusado, em alguns casos, mais de 11 anos; no caso dos homens, os relacionamentos de mais de seis anos predominaram. As audiências acompanhadas, demonstraram a complexidade de tais relacionamentos e os desafios que se atualizaram na análise das violências contra as mulheres, os quais sugerem interrogar os limites da própria legislação em contextos de naturalização das violências de gênero.
Downloads
Referências
ANDRADE, V. R. P. de. A ilusão de segurança jurídica: do controle da violência à violência do controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997.
BANDEIRA, L. M.; ALMEIDA, T. M. C. de. Vinte anos da Convenção de Belém do Pará e a Lei Maria da Penha. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 501-517, ago. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2015000200501&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 5 nov. 2016.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. O poder judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha. 2017. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2018/06/5514b0debfb866190c20610890849e10_1c3f3d621da010274f3d69e6a6d6b7e6.pdf. Acesso em: 3 jun. 2018.
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal..., Brasília, DF, 8 ago. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 21 out. 2016.
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Brasília, DF, 26 set. 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm. Acesso em: 28 jul. 2019.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em: 18 mar. 2018.
CAMARGO, M. O. de; CECHINEL, B. Direitos Humanos das Mulheres e enfrentamento da violência de gênero: estudo sobre a apreciação judicial da medida protetiva de alimentos provisionais, conforme a Lei Maria da Penha, na Comarca de Criciúma-SC, entre os anos de 2008 e 2009. In: SOUZA, I. F. de; VIEIRA, R. de S. (Orgs.). Direitos fundamentais e Estado: políticas públicas e práticas democráticas. v. 1, Criciúma: UNESC, 2011, p. 135-151.
CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 117-133, dez. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 mar. 2019.
DALLERY, A. B. A política da escrita do corpo: écriture féminine. In: JAGGAR, A. M.; BORDO, S. R. Gênero, corpo e conhecimento. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Ventos, 1997.
DEBERT, G. G.; OLIVEIRA, M. B. de. Os modelos conciliatórios de solução de conflitos e a “violência doméstica”. Cadernos Pagu, Campinas, n. 29, p. 305-337, dez. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332007000200013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 15 jul. 2019.
DIAS, M. B. A Lei Maria da Penha na justiça. 5 ed. Salvador: JusPodivm, 2018.
FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança Pública. DataFolha. Visível e Invisível. A vitimização de mulheres no Brasil. 2 ed. 2019. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/02/relatorio-pesquisa-2019-v6.pdf. Acesso em: 28 jul. 2019.
G1 SANTA CATARINA. Número de casos de feminicídio dobra em Santa Catarina. Florianópolis, 5 abr. 2019. Disponível em: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/bom-dia-santa-catarina/videos/t/edicoes/v/numero-de-casos-de-feminicidio-dobra-em-santa-catarina/7515359/. Acesso em: 11 abr. 2019.
GROSSI, M. P. Rimando amor e dor: reflexões sobre a violência no vínculo afetivo-conjugal. In: PEDRO, J. M.; GROSSI, M. P. (Orgs.). Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Editora Mulheres, 1998, p. 293-313.
HEILBORN, M. L. Dois é par. Gênero e identidade sexual em contexto igualitário. Rio de Janeiro: Garamont, 2004.
HOLLANDA, H. B. de. Introdução: o feminismo em tempos pós-modernos. In: HOLLANDA, H. B. de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 7-19.
LARRAURI, E. P. Criminología crítica y violencia de género. Madri: Trotta, 2007.
LIMA, F. R. de. Dos procedimentos – artigos 13 a 17. In: CAMPOS, C. H. de (Org.). Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. São Paulo: Lumen Juris, 2011, p. 265-288.
OLIVEIRA, R. C. de. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir e escrever. In: OLIVEIRA, R. C. de. O trabalho do antropólogo. 2 ed. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora da Unesp, 2006, p. 17-35.
PASINATO, W. Acesso à justiça e violência doméstica e familiar contra as mulheres: as percepções dos operadores jurídicos e os limites para a aplicação da Lei Maria da Penha. Revista Direito GV, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 407-428, dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-24322015000200407&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 21 jul. 2019.
PEDRO, J. M. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 77-98, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/his/v24n1/a04v24n1.pdf. Acesso em: 3 nov. 2016.
PINTO, C. R. J. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
PITANGUY, J.; MIRANDA, D. As mulheres e os direitos humanos. In: O progresso das mulheres no Brasil. Brasília: UNIFEM/Ford Foudation/CEPIA, 2006, p. 14-31. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/Progresso%20das%20Mulheres%20no%20Brasil.pdf. Acesso em: 5 nov. 2016.
SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
SILVA, S. M. da; SANTOS, A. L. dos; GONÇALVES, A. O. M.; NICÁCIO, J. de J. “FALA MARIA PORQUE É DE LEI”: a percepção das mulheres sobre a implementação da lei Maria da Penha em Salvador/BA. Revista Feminismos, v. 4, n. 1, p. 156-167, 2016. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30212/17842. Acesso em: 16 jul. 2019.
WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2015. Homicídio de mulheres no Brasil. Cebela/Flacso Brasil, 2015. Disponível em: http://mapadaviolencia.org.br/pdf2015/MapaViolencia_2015_mulheres.pdf . Acesso em: 14 fev. 2017.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Brasileira de Segurança Pública

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Licenciamento
A Revista Brasileira de Segurança Pública usa a Licença Creative Commons como forma de licenciamento para suas obras publicadas. A licença utilizada segue o modelo CC BY 4.0 - Attribution 4.0 International.
Para consultar os dirietos permitidos direcione-se para a licença completa ou para a nossa página de Direitos dos autores e Licenças.