Mídia, fake news e racismo:

o punitivismo dos boatos como legitimador da violência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31060/rbsp.2021.v15.n1.1122

Palavras-chave:

Fake News, Mídia, Racismo

Resumo

O seguinte trabalho tem como objetivo investigar a relação existente entre a viralização de notícias falsas, amplamente conhecidas como fake news, e o racismo institucionalizado no Brasil. Percebemos, assim, como a construção da imagem do ‘bandido’ associado a pessoas negras relaciona-se com a destruição da memória do indivíduo, buscando legitimar a ação violenta para restabelecimento de uma suposta ‘ordem’. Entendemos que, para além da atuação punitivista existente na imprensa tradicional, existe a forma não oficial de mídia, atuante nas redes sociais, que, como expressão da ideologia dominante na sociedade, cria boatos para justificar excessos e violências contra negros no país de forma sistematizada. Recuperamos, assim, autores como Evgeni Pachukanis, Loic Wacquant e Marielle Franco para uma discussão sobre Direito Penal, Estado Penal e militarização de corpos e espaços periféricos. Apresentamos, ao final, alguns casos concretos que possibilitam perceber uma ação contínua, em mesmo modus operandi, para destruir a memória de corpos negros e periféricos vítimas de violência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Edson Mendes Nunes Junior, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Graduado em Ciência Política pela UNIRIO e em Relações Internacionais pelo Centro Universitário IBMR.

Referências

ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural. Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.

BAKIR, Vian; MCSTAY, Andrew. Fake News and The Economy of Emotions: Problems, causes, solutions. Journal of Digital Media & Interaction, v. 1, n. 1, 2018, p. 85-98.

BARROS, Geova da Silva. Filtragem racial: a cor na seleção do suspeito. Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 2, n. 3, p. 134-153, 2008.

BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa?. Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

FRANCO, Marielle. UPP – A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Administração). Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2014.

FREITAS, Eliane. Linchamentos virtuais: ensaio sobre o desentendimento humano na internet. Antropolítica, n. 42, 2017.

INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Comparativo das incidências publicadas no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro: janeiro de 2018 em relação a janeiro de 2017. Secretaria de Segurança, Rio de Janeiro, 2018.

MARTINS, José de Souza. Linchamentos: a justiça popular no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. São Paulo: Editora Anita, 1994.

MOURA, Tatiana Whately de; RIBEIRO, Natália Caruso Theodoro. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias: INFOPEN – Junho de 2014. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional, 2014.

NASCIMENTO, A.; GRILLO, C.; NERI, N. Autos com ou sem resistência: uma análise dos inquéritos de homicídios cometidos por policiais. 33º Encontro Anual da ANPOCCS. GT Crime, Violência e Punição. Caxambu/MG, 2009.

POLLACK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, v. 2, n. 3, Rio de Janeiro, 1989, p. 3-15.

PACHUKANIS, Evgeni. Teoria Geral do Direito e Marxismo. São Paulo: Editora Acadêmica, 1988.

ROMÃO, Davi Mamblona Marques. Jornalismo Policial: indústria cultural e violência. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia da USP, Universidade de São Paulo, 2013.

SODRÉ, M. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis: Vozes, 2006.

STANCHI, Malu; DIAS, João. Necropolítica nas prisões cariocas: análise das tecnologias de produção da morte a partir dos relatórios de vistoria da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. IV Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão. Dourados: Universidade Federal da Grande Dourados, 2018.

WACQUANT, Loic. Punir os pobres: nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

WYLLYS, Jean. Formas de temer, formas de reprimir: as relações entre a violência policial e suas representações nas mídias. In: Bala perdida: a violência policial e suas representações nas mídias. São Paulo: Boitempo, 2015.

Publicado

18-02-2021

Como Citar

MENDES NUNES JUNIOR, Edson. Mídia, fake news e racismo:: o punitivismo dos boatos como legitimador da violência. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 10–21, 2021. DOI: 10.31060/rbsp.2021.v15.n1.1122. Disponível em: https://revista.forumseguranca.org.br/rbsp/article/view/1122. Acesso em: 23 dez. 2024.